Às vésperas do início da Eurocopa 2016, o presidente francês, François Hollande, se encontra pressionado a dar fim ao caos no país, enquanto a greve dos ferroviários entrou em seu sexto dia consecutivo nesta segunda-feira (6).
Na semana passada, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e seus aliados iniciaram uma paralisação sem fim determinado, diminuindo pela metade o número de serviços ferroviários em todo o país. Eles protestam contra a reforma nas leis trabalhistas.
Enquanto isso, os pilotos da Air France também anunciaram greve a partir do próximo sábado, um dia após o início do torneio de seleções da Europa, numa disputa sobre cortes salariais.
Também na semana passada, diversos protestos de massa eclodiram em toda a França, ameaçando paralisar totalmente outros meios de transporte. Além disso, funcionários do setor de energia convocaram novas paralisações a apenas quatro dias antes do início da Eurocopa.
Hollande, em contrapartida, apelou nesta segunda-feira pelo fim das greves, mas afirmou que não mudará a essência de sua reforma trabalhista, conforme exigem os sindicatos. Ele diz que a nova legislação aumentará as ofertas de emprego e deixará o país mais competitivo. Para seus oponentes, ela terá impacto negativo sobre os direitos dos trabalhadores.
“Chega um momento em que, segundo uma expressão famosa, é preciso saber como se parar uma greve”, declarou o presidente em entrevista ao jornal “La Voix du Nord”. Ele ainda insistiu que seu governo tem demonstrado “vontade de diálogo”.
Hollande também fez duras críticas às paralisações no setor dos transportes, especificamente ao caso da estatal SNCF (Companhia Nacional de Ferrovias). Para ele, a greve “não tem qualquer relação” com a reforma trabalhista, conforme alegam os sindicatos.
Enquanto isso, a companhia prometeu para esta terça-feira um dos piores dias de paralisações: suprimirá um terço dos trens de alta velocidade, 40% dos trens de longa duração, 40% dos regionais e metade dos trens que operam nos arredores de Paris.
Para Hollande, “ninguém entenderá se a greve continuar”, uma vez que os sindicatos sabem que tais paralisações comprometem “as contas da estatal [SNCF], o bom desempenho da Eurocopa e, sobretudo, os passageiros que usam os trens todos os dias para ir ao trabalho”.
Maioria é contra as greves
Nesta segunda-feira, um representante da SNCF informou à imprensa francesa que a greve do setor ferroviário custa “mais de 20 milhões de euros por dia aos cofres franceses”. Segundo o jornal “Le Figaro”, a estimativa inclui o prejuízo de bilhetes não vendidos, entre outros pontos.
O ministro das Finanças, Michael Sapin, rejeitou a declaração, afirmando que a paralisação não gera impacto na economia, mas disse que ela prejudica a imagem da França no exterior.
No final da semana passada, uma pesquisa de opinião afirmava que 54% dos franceses são contra os protestos, marcando uma guinada em relação à mesma sondagem realizada no mês de maio, quando 54% dos entrevistados eram favoráveis às greves. (Com agências internacionais)