Quando o presidente em exercício Michel Temer assumiu o comando do País, na esteira do afastamento da petista Dilma Rousseff, o UCHO.INFO afirmou que a coalizão do novo governo (ainda interino) deveria se dar a partir do compromisso incondicional de tirar o Brasil da crise e reverter o cenário de caos que rouba o sono dos cidadãos.
Preocupado em formar uma equipe de governo com notáveis e especialistas em cada setor, Temer se viu obrigado a mudar os planos e dar um viés parlamentar à Esplanada dos Ministérios. Tirante o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o agora aprovado presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, todos os outros chegaram ao governo no embalo do fisiologismo barato e nocivo.
Não é inválido afirmar que o governo de Michel Temer é mais do mesmo, o que coloca dose de perigo no processo de impeachment de Dilma, mas também não se deve desconsiderar a possibilidade de esse quadro mudar após a aprovação de matérias importantes no âmbito da economia. Mesmo assim, essa chance é cada vez mais diminuta, pois Temer precisará manter apoio no Congresso Nacional, o que significa ser conivente com a chantagem covarde e explícita da classe política.
Na segunda-feira (6), diante da briga de foice em que se transformou a disputa por cargos no segundo escalão do governo, Michel Temer suspendeu a nomeação para cargos em estatais, deflagrando uma rebelião silenciosa na chamada base aliada.
De acordo com o presidente em exercício, os cargos serão preenchidos somente após a votação da “Lei das Estatais”, que exige comprovada qualificação técnica para cargos de diretoria ou presidência de estatais e fundos de pensão.
No alvo do impasse estão 400 diretorias e mais 700 cargos em órgãos federais como Furnas Centrais Elétricas, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Eletrobrás, Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig) e Casa da Moeda, entre outros.
A bizarrice que emoldura essa discussão chega a ser assustadora até mesmo para os experientes que frequentam as entranhas do poder. Como se o Brasil ainda vivesse sob o manto das capitanias hereditárias, deputados alegam que antes do impeachment ocupavam os cargos em questão, mas que agora não conseguem reavê-los.
Longe de serem aliados de fato, esses políticos agem como proxenetas que enxergam o Parlamento como um lupanar de beira de estrada. Entre esses criminosos com mandato, que focam somente os próprios interesses, há quem garanta que a não devolução (sic) dos cargos significa romper com o governo nas votações no Congresso.
Michel Temer deveria encher-se de coragem e, em cadeia de rádio e televisão, revelar aos brasileiros os nomes desses traidores da pátria que se especializaram em saquear os cofres do Estado. Sendo assim, a parcela de bem da população, que luta por um Brasil melhor, tem o dever de, sob pressão, exigir desses parlamentares uma postura minimamente republicana.