A dívida pública da Espanha alcançou 100,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, um recorde em 20 anos, anunciou o Banco da Espanha, no momento em que Madrid pode ser objeto de sanções da Comissão Europeia por seus déficits excessivos.
De acordo com o Banco Central espanhol, a dívida pública chegou a 1,095 trilhão de euros. No final do ano passado, a dívida pública estava em 99,2% do PIB.
O dado foi divulgado durante a campanha para as eleições legislativas marcadas para o próximo dia 26 de junho. Nos debates, o nível da dívida, o déficit e o elevado desemprego estão entre os principais temas.
Quando a dívida de um país ultrapassa a marca de 90% do PIB, o alerta é acionado no mercado financeiro, que passa a analisar com cautela os investimentos. Mesmo assim, há algumas exceções, especialmente quando a economia do país é pujante e garante forte arrecadação tributária.
É importante ressaltar que a Grécia enfrentou o seu mais recente colapso econômico na esteira de uma dívida que chegou a 173% do PIB. É fato que há uma enorme diferença entre ambas as realidades econômicas (Grécia e Espanha), mas é preciso atenção por parte do governo de Madrid.
Apenas a título de comparação, a dívida pública da Zona do Euro equivale a 90,7% do PIB da região. A dívida da Alemanha, uma das principais economias do planeta e ancora da União Europeia, corresponde a 71,2% do PIB.
O governo do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy prometeu reduzir a dívida pública a 99,1% do PIB e o déficit público a 3,6% ao fim de 2016. Caso os números sejam alcançados, a Espanha registraria mais um ano acima do teto fixado por Bruxelas para o déficit de 3%.
Para não interferir na campanha, a Comissão Europeia decidiu adiar para julho a decisão sobre possível sanção à Espanha por conta do excessivo déficit público, que chegou a 5% em 2015.