Lava-Jato: banco caribenho comprado por empreiteira e cervejaria complica a situação de Lula e Dilma

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A delação de Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do grupo empresarial baiano que leva o nome da família, ainda não alcançou a porção explosiva dos depoimentos, mas certamente o estrago será grande, começando por Dilma Rousseff e Lula. Mesmo que o empreiteiro, preso na carceragem da Polícia Federa, em Curitiba, não queira contar tudo o que sabe, detalhes de outras delações o obrigarão a abrir o jogo, sob pena de ter passar mais alguns longos anos atrás das grades.

Em depoimento de colaboração premiada, o Vinícius Veiga Borin detalhou como a Odebrecht e o Grupo Petropolis, fabricante da cerveja Itaipava, usaram “laranjas” para adquirir o Meinl Bank Antígua, no arquipélago de Antígua e Barbuda, no Caribe. O objetivo de ambas as empresas ocultar repasses de recursos ilícitos desviados da Petrobras.

Na a 26ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Operação Xepa, investigadores encontraram indícios de que, juntas, os dois grupos empresariais movimentaram pelo menos U$ 117 milhões, dinheiro usado para o pagamento de propina entre os anos de 2008 e 2014. Contudo, o delator afirmou que o banco caribenho movimentou perto de US$ 1,6 bilhão.


Vinícius Borin trabalhou em São Paulo na área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Ele e outros ex-executivos do AOB associaram-se a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, então integrantes do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht – nome dado à central de propinas da empreiteira – para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, cuja matriz fica em Viena, na Áustria.

A grande questão envolvendo o capítulo caribenho do Meinl Bank é a parceria canhestra entre a Odebrecht e o Grupo Petrópolis. A relação entre a empreiteira baiana e o lobista-palestrante Lula dispensa maiores apresentações. No caso do Petrópolis, o dono do complexo cervejeiro, Walter Faria, é amigo de Lula, que ajudou a salvar o grupo da falência. A amizade com o ex-presidente fez de Faria um dos principais financiadores das eleições de Dilma Rousseff, assim como do PT, depois de ser destinatário de dinheiro do Petrolão.

Documentos em poder da força-tarefa da Lava-Jato mostram que Walter Faria Faria destinou, em 2014, R$ 24,8 milhões para o PT e seus aliados. Para a conta da campanha da então candidata Dilma Rousseff, agora afastada da Presidência, foram doados (sic) R$ 17,5 milhões em apenas cinco dias – 29 de setembro e 3 de outubro. Essas somas fizeram da cervejaria a quarta maior financiadora da campanha da presidente afastada, com R$ 10 milhões a mais do que foi doado pela Ambev, a gigante do setor de bebidas, e atrás apenas do Grupo JBS, da Andrade Gutierrez e da OAS.

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