Odebrecht: enquanto MPF diz que não há acordo de delação, empreiteiro solta a voz e entrega Dilma

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Há algo estranho na órbita do acordo de colaboração premiada de Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do gruo empresarial baiano. Enquanto notícias apontam o suposto teor explosivo da delação do empreiteiro, que encontra-se preso em Curitiba, o Ministério Público Federal (MPF) manifestou-se, na segunda-feira (20), a favor do prosseguimento da ação penal que tem Odebrecht como réu no âmbito da Operação Lava-Jato. O processo foi suspenso até 13 de julho pelo juiz Sérgio Moro, em razão de suposta negociação de acordo de colaboração. Os procuradores federais negaram a existência de acordo de colaboração com executivos ou de leniência com o grupo empresarial.

Por outro lado, informações revelam que Marcelo Odebrecht não apenas avança nas preliminares do acordo de colaboração, como teria sinalizado que assumirá à força-tarefa da Lava-Jato que sempre esteve sob o seu controle os o abastecimento, com recursos legais e ilegais, do caixa das campanhas de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.

A situação da presidente afastada, que não é das melhores, deve piorar sobremaneira com as revelações de Odebrecht, que detalhará conversa que teve com a petista, no México, em 26 de maio de 2015. Na ocasião, o empreiteiro teria avisado Dilma que investigadores da Lava-Jato estavam a um passo de identificar os pagamentos ilícitos que a empresa fez ao marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas petistas, em conta bancária na Suíça.


Até a força-tarefa da Lava-Jato descobrir os pagamentos feitos na Suíça, no total de US$ 4 milhões, Marcelo Odebrecht estava tranquilo, pois acreditava que sua eventual prisão seria o preâmbulo da queda de Dilma.

O empreiteiro baiano também afirmar também, em seus depoimentos, que não considerava crime os pagamentos ilícitos feitos a João Santana. Na verdade, Odebrecht usou a proximidade cada vez maior com o poder para cultivar a tese da impunidade. Não por acaso, meses antes de ser preso, mais precisamente em novembro de 2014, Marcelo disse, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, que considerava normal a ingerência do setor privado nos assuntos do governo. Ou seja, naquela altura ele ainda acreditava que sairia ileso do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

As informações sobre as duas últimas campanhas presidenciais, reveladas por Marcelo Odebrecht, confirmam uma das muitas suspeitas que pairam sobre as investigações: a de que o marqueteiro do PT recebeu ilícitos no Brasil e no exterior. Segundo prestações de contas apresentadas à Justiça Eleitoral, Santana recebeu R$ 42 milhões e R$ 78 milhões pelas campanhas presidenciais de 2010 e 2014 respectivamente.

Considerando que as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff não custaram menos de US$ 400 milhões cada, é preciso saber quem pagou a diferença dos honorários do marqueteiro petista.

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