Custo Brasil: Gleisi abusa do sensacionalismo no caso da prisão do marido e tenta se fazer de vítima

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Bastaram algumas horas para o PT afinar o discurso sobre a Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Lava-Jato), e a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, assunto que preocupa muito a cúpula petista.

Após um longo e quase obsequioso silêncio, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que cogitou a possibilidade de licenciar-se do mandato, distribuiu nota em que abusa da vitimização e exala a sua incoerência de pensamento.

Ao comentar a prisão do marido, Gleisi relatou que pessoas estranhas entraram em sua casa logo pela manhã, como se a Polícia Federal tivesse a obrigação de enviar agentes conhecidos do alvo de mandado de prisão. “Mais de 10 pessoas estranhas entraram em minha casa com ordem de busca e apreensão. Trouxeram também uma ordem de prisão preventiva contra o Paulo”. Ou seja, se em condições normais a senadora petista não tem pensamento concateno, que dirá em um momento de dificuldade.

Mais adiante, ainda na nota, a petista questiona as razões da prisão preventiva e afirma que o marido sempre esteve à disposição da Justiça, além de ter endereço fixo. “Prisão preventiva para prevenir o que?! Uma fuga? Um conluio? Qual risco representa ele? Desde que esse processo começou, Paulo se colocou inúmeras vezes à disposição da Justiça, sempre esteve totalmente disponível, tem endereço conhecido.”, escreveu a parlamentar.

Em relação ao risco que Paulo Bernardo representa, os investigadores e o juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo poderão responder a esse questionamento. Mas é certo que Bernardo foi preso não porque é um ser inofensivo, pelo menos no que diz respeito à investigação em curso. Ademais, inexiste na legislação vigente qualquer regra que estabeleça o prazo em que pode ocorrer a prisão preventiva. Pelo contrário, essa modalidade de prisão pode ocorrer a qualquer momento, até o julgamento final de eventual processo, desde que respeitadas algumas condições.


Em relação ao endereço conhecido, alegada pela senadora na nota, esse tema gera controvérsias. Indicado como testemunha de defesa de Ricardo Pessoa, uma das empreiteiras do Petrolão, Paulo Bernardo não foi localizado pelo oficial de Justiça João Augusto Sapia, designado pelo juiz Sérgio Moro para intimá-lo acerca do depoimento marcado para o dia 11 de março de 2015. Ao tentar intimar Bernardo no endereço do casal em Curitiba, o oficial foi informado que o mesmo não morava mais no local.

E Gleisi prosseguiu: “Vieram coercitivamente buscá-lo em casa, na presença de nossos filhos menores. Um desrespeito humano sem tamanho, desnecessário. Não havia nada em nossa casa que podia ser levado. Mesmo assim levaram o computador do meu filho adolescente”.

De chofre é preciso esclarecer que a PF não foi buscar Paulo Bernardo coercitivamente, mas prendê-lo. Afinal, essa era a ordem do juiz. No tocante ao fato de a prisão ter ocorrido na presença de filhos menores, Bernardo deveria ter pensado nesse possível detalhe no momento em que se envolveu no esquema de corrupção evidenciado nas investigações. Ou será que Gleisi queria que a Polícia Federal avisasse com antecedência sobre a prisão. Se houve “desrespeito humano” nesse caso específico, esse partiu de Paulo e Gleisi, que deveriam ser mais cautelosos nos imbróglios em que se envolvem.

Ao concluir a nota, a senadora paranaense deixa claro que seguiu a ordem do partido para, abusando da vitimização, aproveitar a oportunidade para “vender” a opinião pública a falsa ideia de que os petistas são honestíssimos e, mais uma vez, alvo de perseguição da elite golpista.

Gleisi Hoffmann não se contenta com a própria pequenez como parlamentar, por isso apela ao sensacionalismo barato como forma de ganhar destaque e defender um causa perdida – o impeachment de Dilma Rousseff – e um partido que acertadamente já foi comparado a uma organização criminosa.

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