A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) está com saudades dos tempos em que sua única preocupação era defender a ‘presidenta’ na Comissão de Impeachment do Senado e viajar pelo mundo, sempre sob as expensas do contribuinte, para denunciar o “golpe”. Agora, Gleisi, que teve o marido preso por comandar um esquema que lesava aposentados no tempo em que era ministro do Planejamento, está lutando pelo mandato e pela própria liberdade.
O advogado Guilherme de Salles Gonçalves, um dos alvos da Operação Custo Brasil – desdobramento da Operação Pixuleco II (Operação Lava-Jato) – tido como laranja de Gleisi e Bernardo, foi preso ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Cumbica, na Grande São Paulo, vindo de Lisboa. Gonçalves foi apresentado às autoridades por volta das 17h de domingo (26) na Superintendência da Polícia Federal (PF), na capital paulista.
Guilherme Gonçalves, contra quem havia um mandado de prisão preventiva por suposto envolvimento em irregularidades no Ministério do Planejamento, pode fazer delação premiada. Essa possibilidade pode ser letal para Gleisi e o marido.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), o escritório de Gonçalves, que trabalhou em duas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT), recebeu mais de R$ 7 milhões entre 2010 e2015 por meio de esquema que funcionava no Ministério do Planejamento.
O dinheiro, segundo as investigações, era propina e teria como destinatário o ex- ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento, no governo Lula; e Comunicações, no primeiro governo Dilma).
A Operação Custo Brasil prendeu o ex-ministro, na quinta-feira (23). Ela foi um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato que apontou indícios de desvio de cerca de R$ 100 milhões de um serviço de gestão do crédito consignado a funcionários públicos no Ministério do Planejamento conduzido pela empresa Consist.
Segundo o superintendente da Receita Federal em São Paulo, Fábio Ejchel, de 2010 a 2015, foi cobrada uma parcela mensal dos servidores da União que fazem empréstimos consignados que era direcionada para o pagamento de políticos.
De 70% dos R$ 100 milhões desviados, Paulo Bernardo teve direito a quantias que variavam de 2,9% a 9,6%, dependendo da função que estivesse desempenhando no governo no momento da roubalheira. O restante do valor desviado (30%) ficava como pagamento para a Consist pelo serviço de controle dos empréstimos consignados.
O percentual de destinado a Paulo Bernardo era direcionado por meio de escritório de advocacia que prestou serviços na condição de “laranja”, segundo Andrey Borges de Mendonça, procurador da República que investiga o caso. O escritório ficava em média com 20% do valor total.
Além de Bernardo, outros atores tinham direito a percentuais dentro do esquema de propina, entre ele um ex-vereador de Americana (SP), Alexandre Romano, o “Chambinho”, que ficava com 20% do total dos 70%. Da parcela que cabia ao ex-vereador, 80% eram destinados ao PT.
Conforme divulgado pelo MPF e pela PF, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é quem decidia o quinhão que cada um deveria receber. Vaccari está preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, por envolvimento no esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro descoberto na Petrobras.