A situação de Dilma Vana Rousseff, a presidente afastada, tende a piorar nas próximas semanas, independentemente da tramitação do processo de impeachment, que deve chegar ao seu final em meados de agosto. A nova pedra no caminho da petista, que já era esperada por pessoas mais próximas e conhecedoras dos imundos escaninhos do poder, atende pelo nome de Mônica Moura, esposa do marqueteiro João Santana, responsável pelas três últimas campanhas presidenciais do PT.
Presa na Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, juntamente com o marido, Mônica Moura já afirmou às autoridades que empresas contribuíram para a campanha de Dilma por meio do caixa 2. Nas negociações de acordo de colaboração premiada, Mônica já teria feito uma lista das tais empresas, o que obriga as mesmas a confirmarem essa informação. Que a companheira de João Santana tem pavio curto todos sabiam, mas o seu acordo de delação já é considerado como o pomo da discórdia entre o casal, mesmo que cada um esteja preso em unidades penitenciárias distintas.
A questão envolvendo o fato em si é que João Santana ainda não se convenceu de que a delação é o melhor caminho, por isso resiste à ideia de revelar o que sabe a respeito dos bastidores das campanhas petistas. Contudo, essa resistência à delação pode significar alguns longos anos atrás das grades, pois somente o conjunto de provas que embasou a Operação Acarajé é suficiente para condená-lo. Considerando as informações repassadas à força-tarefa por Mônica Moura, a pena pode tornar-se ainda maior do que a estimada.
Enquanto permanece no limbo da indecisão, Santana já aceita a ideia de admitir às autoridades que recebeu parte dos honorários da campanha de Dilma por meio de caixa 2. A dificuldade está no fato de que João Santana é réu em processos da Lava-Jato, nos quais é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. E nessa condição não terá como fugir dos questionamentos que serão apresentados pelo juízo. O marqueteiro petista pode até se recusar a responder, mas precisa levar em conta que a mulher e sócia já soltou a voz.
Como mencionado, documentos obtidos durante as investigações colocam Santana em situação de extrema dificuldade, pois há provas de pagamento de honorários por meios não oficiais. A situação pode piorar sobremaneira se as mencionadas provas revelarem algo mais, como, por exemplo, recebimento de dinheiro no exterior por meio de pagamentos feitos por empresas brasileiras financiadas pelo BNDES.
O calcanhar de Aquiles no calvário de João Santana é esse convívio nada republicano com empreiteiras que mergulharam no Petrolão e financiaram o governo do PT de maneira criminosa, sempre travestindo as propinas com a roupagem mentirosa da doação oficial. Se esse elo ficar comprovado nas investigações, a Santana restará apenas a delação, mesmo considerando o declarado apreço de Dilma pelo marqueteiro.
O cenário em torno de Santana piora com a decisão dos donos e executivos das empreiteiras de aderirem à delação premiada. Muitos já negociaram os respectivos acordos e têm revelado dados impressionantes acerca da dinheirama repassada ao PT. Isso significa que o marqueteiro está cada vez mais sem saída. Em suma, o castelo de cartas desmoronou.