Lula sente na pele que impeachment da sucessora é fava contada e questão de tempo

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Há algumas semanas, quando decidiu iniciar de forma homeopática sua mudança rumo a Porto Alegre, aproveitando os jatos da Força Aérea Brasileira, Dilma Rousseff rumou na contramão do próprio discurso – e também da suposta resistência que exibe nos bastidores – e deu os primeiros sinais de que reconhece a derrota.

Enquanto a tropa de choque da petista protagoniza espetáculos pífios na Comissão Especial do Impeachment, no Senado Federal, a própria presidente adotou postura mais cautelosa e já não abusa do discurso do golpe, que perdeu força e só é mencionado em eventos de encomenda ou em entrevistas a veículos estrangeiros de comunicação.

Ciente de que reverter o processo de impeachment seria uma missão quase impossível, assim como hercúlea, a cúpula do PT vem arriscando as últimas cartadas, no afã de salvar minimamente a imagem do partido, que pretende ressurgir da lama nas eleições municipais de outubro próximo. Se é que essa estratégia é viável em termos políticos.

Longe da cena do cotidiano por conta da aproximação cada vez maior dos tentáculos da Operação Lava-Jato, Lula, o decadente lobista-palestrante, vive momentos de ciclotimia explícita. Afinal, o ex-presidente tem alternado momentos depressivos, com direito a lágrimas, e rompantes de resistência, com doses inúteis de esperança. Para quem supostamente era chamado para palestras quase semanais, Lula é um político em fim de carreira, esquecido à sombra dos escândalos de corrupção.


Apesar desse cenário pouco favorável, Lula arriscou ir a Brasília para tentar convencer alguns senadores sobre a necessidade de salvar o mandato de Dilma, algo que o PT torce para que não aconteça. Se por um lado o partido torce para que o processo de impeachment chegue ao seu final o quanto antes, por outro almejava faturar com o discurso do golpe, que nas contas dos “companheiros” deveria chegar até meados de setembro.

Na capital dos brasileiros, o ex-metalúrgico aceitou o convite do senador Roberto Requião (PMDB-PR) para um jantar com outros parlamentares, no qual o cardápio seria a votação do impeachment no plenário do Senado, algo que deve acontecer entre 20 e 25 de agosto.

Contudo, entre o ufanismo boquirroto de Requião e a audácia bandoleira de Lula, apenas seis senadores compareceram ao regabofe político que foi arquitetado para ser uma espécie de tábua de salvação de Dilma. O baixo quorum durante o jantar mostrou não apenas que o afastamento da petista já está decidido – e é uma questão de semanas –, mas que Lula transformou-se em figura menor na política nacional, pelo menos por enquanto.

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