A Polícia Federal encontrou um elo entre a Focal, empresa acusada de ter lavado dinheiro para a campanha de Dilma Rousseff, e Zeno Minuzzo, assessor muito próximo do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, alvo da Operação Custo Brasil e marido da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR).
A investigação envolve também as campanhas da própria Gleisi. De tanto defender a presidente afastada, a senadora paranaense corre o sério risco de acabar como réu no mesmo processo.
A informação consta de relatório da Operação Custo Brasil, que em determinado trecho destaca: “levanta suspeita sobre transações de remessa de materiais de campanha para Zeno Minuzzo, em 2014, e indica uma possível sonegação de informação sobre a prestação de serviço para as campanhas de Dilma e da senadora Gleisi Hoffmann”.
A Operação Lava-Jato também já descobriu que o PT adota a estratégia de usar escritórios de advocacia para repassar propina. Caso típico parece ser o do advogado Guilherme de Salles Gonçalves, ligado a Gleisi e Paulo Bernardo, e preso no escopo da Operação Custo Brasil.
Gonçalves é suspeito de participar de uma operação triangular para repassar ao casal petista dinheiro do criminoso esquema da Consist. O advogado curitibano recebia dinheiro do esquema que lesou em R$ 100 milhões servidores federais aposentados, com a cumplicidade do Ministério do Planejamento, no tempo em que era comandado por Paulo Bernardo, como se fossem honorários da Consist e repassava os recursos à dupla.
Ao contrário do usual, o advogado petista Guilherme Gonçalves não recebia honorários de seus clientes, Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, mas pagava as contas do casal. Até o motorista de Gleisi recebia salário por meio do escritório de advocacia.
Enquanto, em tom quase professoral, tenta dar lições de moral no Senado – seja condenando o processo de impeachment, seja defendendo-se das acusações que lhe fazem os delatores da Lava-Jato – Gleisi Hoffmann assiste ao desmoronamento de um castelo de falácias que serviu de base para suas incursões políticas nos últimos anos.
A situação de Gleisi tem chance de piorar sobremaneira, pois Zeno Minuzzo estaria disposto a delatar o casal petista. Ex-tesoureiro do PT no Paraná, Minuzzo foi chefe de gabinete de Paulo Bernardo na Câmara dos Deputados. Quando o marido da senadora foi nomeado ministro, Minuzzo continuou assessorando o suplente Dilto Vitorassi. Em seguida, Zeno Minuzzo aterrissou no gabinete de André Vargas.
Fora isso, ao menos um condenado na Lava-Jato ainda não soltou a voz. Trata-se exatamente do ex-petista André Vargas Ilário, que cumpre pena de prisão no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Muito ligado a Gleisi e Bernardo, o ex-vice-presidente da Câmara foi abandonado pelo PT e pode, a qualquer momento, revelar as entranhas de um dos mais aterrorizantes capítulos do Petrolão. Quem conhece os bastidores da confusão garante que eventuais delações de Vargas e Minuzzo têm alto poder de devastação.