Democrata Rodrigo Maia supera Rosso e é o novo presidente da Câmara dos Deputados

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Em eleição que contou com quatorze candidatos (inicialmente eram dezessete), a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados foi decidida em segundo turno. Com 285 votos, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito para comandar a Casa legislativa até 31 de janeiro de 2017. O outro candidato que chegou à segunda etapa do pleito, Rogério Rosso (PSD-DF), conquistou 170 votos. Maia também venceu no primeiro turno, com 120 votos, contra 106 de Rosso.

Maia chega à presidência da Câmara no vácuo da renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deixou o cargo na esperança de salvar o mandato, mas deve ser cassado nas primeiras semanas de agosto, após o fim do chamado “recesso branco”. O novo presidente da Câmara dos Deputados não poderá concorrer à reeleição, o que só é permitido quando a eleição coincide com a mudança de legislatura.

A vitória de Rodrigo Maia tem múltiplos significados. O primeiro deles, certamente o mais importante para o Palácio do Planalto, repousa na derrota de Marcelo Castro (PMDB-PI), cuja candidatura foi inventada em cima da hora pelo lobista-palestrante Lula, cujo objetivo era, em caso de vitória, tumultuar o governo interino de Michel Temer. O resultado configura mais uma derrota política do ex-metalúrgico.

O segundo significado do expressivo triunfo de Maia é a derrota imposta a Eduardo Cunha, que a partir desta quinta-feira (14) não terá vida fácil no âmbito do processo de cassação de mandato. A eventual vitória de Rogério Rosso era o último fio de esperança de Cunha, que nos bastidores apoiou a candidatura do parlamentar do PSD. E Maia conquistou os votos dos adversários de Cunha.


O terceiro significado da vitória de Rodrigo Maia é a derrota do chamado “centrão”, bloco parlamentar formado a partir da chegada de Michel Temer ao principal gabinete do Palácio do Planalto e que aglutina partidos que fizeram oposição ao governo da presidente afastada. Candidato do “centrão”, Rogério Rosso perdeu a disputa por sua sempre negada ligação com Cunha. Para o governo Temer a eventual vitória de Rosso também seria positiva, mas com Maia a situação é mais confortável em termos de convívio político. E com o enfraquecimento do “centrão” as chantagens ao governo devem diminuir, se não em quantidade, por certo em qualidade.

O significado mais relevante está no pulo de Rodrigo Maia entre o primeiro e o segundo turnos da eleição – de 120 para 285 votos. Isso mostra que os parlamentares buscam acabar com a tensão que domina os trabalhos legislativos, tumultuados desde o momento em que Cunha decidiu acolher o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

Ao todo, 460 deputados participaram da escolha do novo presidente da Câmara. A bancada do PSOL votou nulo no segundo turno, o que explica a diferença de cinco votos entre o quorum do plenário e os votos recebidos pelos dois candidatos. Rodrigo Maia está no quinto mandato parlamentar, ao passo que Rogério Rosso é estreante na Câmara dos Deputados.

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