Na noite desta quarta-feira (13), faleceu, aos 70 anos, o cineasta argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco. Ele era considerado um dos diretores de cinema mais importantes do Brasil. Babenco dirigiu dez longas-metragens e foi indicado ao Oscar de direção em 1986, por “O Beijo da Mulher-Aranha”.
O cineasta ainda foi responsável por filmes que foram marcos do cinema nacional, como “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” (1976), “Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1980) e “Carandiru” (2003).
De acordo com informações da produtora HB Filmes, fundada por Babenco, ele foi internado no Hospital Sírio-Libanês na terça-feira para “um procedimento simples” de tratamento de sinusite, do qual estava se recuperando, quando teve uma parada cardiorrespiratória, às 22h50 de quarta.
O velório será realizado na sexta-feira na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, aberto ao público, das 10h às 15h. O corpo do cineasta será cremado no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, em cerimônia íntima.
O diretor era casado com a atriz Bárbara Paz desde 2010. Ele deixa duas filhas, Janka e Mira, de casamentos anteriores, e dois netos.
Nascido em 7 de fevereiro de 1946 em Buenos Aires, na Argentina, e criado em Mar del Plata, Babenco vivia no Brasil desde os 19 anos de idade e naturalizou-se brasileiro em 1977.
Antes disso, em 1976, o cineasta já havia alcançado reconhecimento no Brasil com “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”, até hoje entre os dez filmes de maior público no país (em sétimo lugar), que deu ao ator Reginaldo Faria um dos principais papéis de sua carreira.
Colocando um ator mirim da periferia, Fernando Ramos da Silva, para contracenar com Marília Pêra, no papel da prostituta Sueli, Babenco foi consagrado internacionalmente com “Pixote” (1980). O filme foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e venceu como filme estrangeiro no prêmio dos críticos de Nova York.
O sucesso levou a uma carreira internacional iniciada com “O Beijo da Mulher-Aranha” (1985), que também abriu as portas de Hollywood para Sônia Braga. Com William Hurt e Raul Julia no elenco, o longa foi selecionado para a competição do Festival de Cannes, de onde Hurt saiu com o prêmio de atuação. O longa também foi indicado ao Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator, sendo que Hurt levou a estatueta.
Entre as gerações mais jovens, Babenco é conhecido por “Carandiru” (2003). Sucesso de bilheteria, o longa é baseado no livro “Estação Carandiru”, de Drauzio Varella, que aborda o cotidiano na extinta Casa de Detenção, mais conhecida como Carandiru, em São Paulo, antes e durante o massacre de 1992.
Nos anos 1990, Babenco tratou de um linfoma e, em seu último filme, “Meu Amigo Hindu”, decidiu contar a história de um diretor e sua luta contra o câncer. O alterego de Babenco foi vivido pelo americano Willem Dafoe. “Esse é o filme que a morte me deixou fazer”, afirmou o cineasta.
Contundo, ao divulgar o filme em São Paulo em março deste ano, o diretor quis deixar claro que é uma ficção com elementos de sua vida. “Eu nunca quis dizer com o filme ‘olha o que aconteceu comigo’. Essa coisa de autoajuda me irrita. Deter-se no aspecto biográfico é uma limitação para o filme”.
Os filmes dirigidos por Hector Babenco:
2015 – Meu Amigo Hindu
2007 – O Passado
2003 – Carandiru
1998 – Coração Iluminado
1991 – Brincando nos Campos do Senhor
1987 – Ironweed
1984 – O Beijo da Mulher-Aranha
1980 – Pixote – A Lei do Mais Fraco
1977 – Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia
1975 – O Rei da Noite