Alvo de duas operações da PF, Gleisi decreta a inocência de Dilma com base em parecer de procurador

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Atolada até o pescoço em duas operações da Polícia Federal (Lava-Jato e Custo Brasil), a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), deveria estar preocupada em explicar a seus eleitores, e também às autoridades policiais, as acusações graves que lhe fazem ao menos seis delatores. Especialmente depois que o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, foi preso em seu apartamento funcional, em Brasília, e só voltou a circular devido a controvertida decisão do ministro Dias Toffoli, que causou indignação até entre técnicos do próprio STF.

Porém, com todo esse passivo jurídico, Gleisi não se acanha. Defende a “presidenta” na Comissão do Impeachment do Senado com a persistência de um pitbull e a estridência de uma gralha.

Na quinta-feira (14), a senadora paranaense teve novos surtos de euforia com o estranho parecer do procurador Ivan Marx, que concluiu não ter havido crime nas pedaladas, usando argumentos curiosamente parecidos com os do ex-ministro da Justiça e ex-AGU, José Eduardo Martins Cardozo.

O parecer de Marx provocou incontrolável de euforia em Gleisi, que passou a gravar vídeos comemorativos, decretar a inocência de Dilma e declarar que não existe alternativa que não a de restaurar a “presidenta”, pedir desculpas pelos incômodos e outros delírios.


Ao que parece, não passa pela cabeça de Gleisi que ela é a pessoa menos indicada para atestar a inocência de alguém. O marido só está solto pela decisão esdrúxula de Toffoli, ela mesma só não teve maiores contratempos judiciais por conta do foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.

Quiçá a senadora esteja apostando na possibilidade de outro parecer do procurador inocentá-la, assim como no caso da presidente afastada. A se confirmar essa tese, o parecer terá de ser bom o suficiente anular os seis depoimentos de delatores da Operação Lava-Jato, que implicam a petista no âmbito de recebimento de propina do Petrolão.

Além disso, o eventual parecer terá de, quem sabe, destruir as evidências de envolvimento da senadora no escândalo investigado pela Operação Custo Brasil. O imbróglio criminoso versa sobre que uma quadrilha, montada a partir do Ministério do Planejamento (ao tempo em que Paulo Bernardo era ministro), que surrupiou R$ 100 milhões dos servidores federais aposentados que recorreram aos empréstimos consignados. Parte desse dinheiro, segundo a Polícia Federal, acabou pagando contas pessoais da senadora, como o salário do seu motorista.

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