Por delação, Odebrecht desiste de pedido de liberdade; decisão causou pavor no meio político

marcelo_odebrecht_1001

Preso em Curitiba desde 19 de junho do ano passado e condenado a 19 anos e 4 meses de prisão no âmbito da Operação Lava-Jato, Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do conglomerado empresarial que leva o nome da família, foi convencido por procuradores que integram a força-tarefa a desistir de um pedido de liberdade impetrado por seu advogado no dia 5 deste mês.

Ao empresário foram apresentadas duas alternativas: a retirada do pedido de liberdade ou estavam o encerramento das tratativas para o acordo de colaboração premiada que ele negocia desde março, quando o juiz Sérgio Moro proferiu sentença condenatória.

A desistência ocorreu na última quarta-feira (13), sem que o Ministério Público Federal tivesse avaliado o pedido feito pela defesa de Marcelo Odebrecht. O advogado do empresário, Nabor Bulhões, encaminhou ao juiz da Lava-Jato um pedido afirmando que deixava de requerer a liberdade de Marcelo “por motivo que se encontra em sigilo judicial”.


Na verdade, sob sigilo estão as negociações do acordo de delação, porém havia outro motivo para a desistência: os procuradores da Lava-Jato em Curitiba ficaram contrariados com o pedido feito pela defesa de Marcelo. Consideraram que a solicitação de liberdade ia contra o clima colaborativo das negociações que estão em curso.

O acordo de delação da Odebrecht é considerado o mais importante da Operação Lava Jato, pelo número de políticos que serão citados e pelos postos que eles ocupam ou ocuparam.

Há expectativas de que tanto os expoentes da situação quanto da oposição serão citados, como o ex-presidente Lula, o ministro José Serra (Relações Exteriores), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro e ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Ao desistir do pedido de liberdade, Marcelo Odebrecht voltou a tirar o sono de muitos envolvidos com o grupo baiano.

apoio_04