Custo Brasil: Paulo Bernardo tenta jogar a culpa sobre o advogado de Gleisi Hoffmann

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Investigado na Operação Custo Brasil, da Polícia Federal, na qual é suspeito de embolsar R$ 7,1 milhões na esteira de um golpe que abduziu R$ 100 milhões de servidores federais aposentados que recorreram a empréstimos consignados, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) resolveu adotar uma tática suicida em sua defesa.

Na última terça-feira (19), Bernardo declarou à PF, em São Paulo, que não recebeu propinas de R$7,1 milhões do esquema Consist. Sugeriu que o dinheiro imundo pode ter ficado com o advogado de sua mulher, o petista Guilherme Gonçalves. A tática de Paulo Bernardo provocou perplexidade nos meios jurídicos e a expectativa é de que o objetivo seria levar o advogado a fazer uma delação premiada, o que pode ser catastrófico para Gleisi e o próprio marido.

Questionado sobre anotações encontradas no escritório do advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, que indicam supostos repasses de valores em seu favor, Paulo Bernardo negou ter sido beneficiário de parte do butim.

O ex-ministro afirmou à PF que não teve qualquer relação com o acordo de cooperação técnica firmado por entidades com a Consist, contratada para administrar a liberação dos consignados a milhões de servidores federais. Contudo admitiu ter tido uma reunião com as entidades para tratar do tema, situação que por si só confirma as muitas suspeitas surgidas ao longo das investigações.

A PF insistiu sobre os registros encontrados no escritório do advogado, mas Paulo Bernardo disse que não pode responder pelas anotações de Guilherme Gonçalves. O ex-ministro deu a entender que Gonçalves pode ter se valido do seu nome para obter benefícios.


Ao deixar a sede da PF na capital paulista, após depoimento de cerca de quatro horas, o ex-ministro declarou a jornalistas que não tem envolvimento com a Consist. “Esse contrato não existe, o Ministério do Planejamento nunca contratou a Consist.”

Segundo Bernardo, a Consist trabalha para a Associação Brasileira de Bancos Comerciais e para o Sindicato das Entidades de Previdência Privada. “A Consist não é contratada pelo Ministério do Planejamento, é contratada por essas duas entidades que representam os bancos e as entidades que fazem empréstimos para servidores”, disse.

A Consist é uma empresa de software que fez acordo com entidades contratadas pelo Planejamento na gestão de Paulo Bernardo, em 2010. Cabia à Consist gerenciar o dinheiro emprestado a milhões de servidores públicos. O esquema teria desviado R$ 100 milhões de empréstimos consignados entre 2010 e 2015 por meio da cobrança de taxas consideradas abusivas se comparadas a outras cobradas o mercado.

A Custo Brasil é um desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Operação Lava-Jato) que, em agosto de 2015, descobriu o esquema criminoso na órbita dos empréstimos consignados. Um dos alvos da Pixuleco II, o advogado Alexandre Romano, o Chambinho, fez delação premiada e revelou os bastidores do caso. Valores obtidos ilicitamente teriam abastecido a campanha de Gleisi Hoffmann ao Senado em 2010.

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