Crente que é o “Furacão na Botocúndia”, Neymar se irrita ao ser questionado sobre baladas

(Eduardo Anizelli - Folhapress)
(Eduardo Anizelli – Folhapress)

O técnico Dorival Júnior estava no comando do Santos Futebol Clube, em 2010, quando teve coragem de colocar Neymar no banco de reservas. Disse o treinador, na ocasião, que sua decisão traria bons frutos para o futuro do atleta. Não demorou muito e Dorival Júnior foi dispensado pela diretoria do alvinegro praiano. Neymar, por questões lógicas, continuou no clube, pois era uma espécie de “galinha dos ovos de ouro”. Até o Santos perceber que havia tomado um baita drible na transferência do atleta para o FC Barcelona.

Longe de ser um dos melhores jogadores de futebol do planeta, Neymar ainda há de tropeçar na própria arrogância. Insiste em ser tratado como um misto de celebridade e divindade da bola, mas antes disso deveria ser responsável e comprometido. Na condição de referência para muitos jovens que se espelham no atacante do onze catalão, Neymar precisa ser um craque fora das quatro linhas. Só assim alcançará a condição de atleta completo.

Colocado nos pratos da balança, Neymar, na opinião do UCHO.INFO, é muito mais marketing do que futebol. Como ele há muitos outros jogadores de futebol espalhados pelo planeta, mas que não tiveram a chance de despontar em um grande clube.

Na primeira entrevista coletiva desde que se apresentou à seleção olímpica de futebol, o jogador falou sobre a contusão do goleiro Fernando Praz, mas irritou-se rapidamente quando questionado sobre sua vida de “baladeiro”.

“Você tem que começar a ver o que eu faço dentro de campo, minhas coisas particulares são minhas. Você tem de me cobrar dentro de campo”, respondeu ao jornalista que o questionou sobre o tema.

“Tenho minha vida particular. Tenho 24 anos, minhas conquistas, minhas coisas. Se você tivesse minha idade não faria o mesmo? É só isso que te pergunto”, completou.

Sem esconder a irritação, Neymar passou a responder as perguntas dos jornalistas com tom de questionamento. Ou seja, fugia da resposta e devolvia uma pergunta camuflada. Usou essa estratégia para falar sobre as baladas que frequenta. “Eu posso e vou, e não vejo problema nenhum. É minha vida particular. Tenho família, amigos. Dentro de campo eu sempre me entrego, tento fazer o melhor”, disse o jogador.


Neymar enfrentou “saia justa” quando veio à tona, na coletiva, o fato de, no último ano, ter sido expulso uma vez e recebido cinco cartões amarelos em jogos da seleção. Fora isso, cumpriu suspensão de quatro jogos por conta do cartão vermelho recebido ao final da partida da seleção brasileira contra a Colômbia, na Copa América do Chile.

Em junho, quando o Brasil foi eliminado da Copa América Centenário, nos Estados Unidos, Neymar postou em uma rede social mensagem em que dizia que “queria ver o que os babacas que criticam (a seleção) iriam falar”. Em seguida se arrependeu, apagou a postagem e pediu desculpas.

“Eu tenho meus erros. Acabo errando, como errei muitas vezes e ainda vou errar. É normal para um ser humano”, disse. “Estou aprendendo cada vez mais com meninos mais novos do que eu”, rebateu o atleta.

A resposta de Neymar mostra a sua imaturidade como cidadão e o deslumbramento que brota de um jogador que pé tratado como se fosse a única esperança do futebol nacional. Erraram e erram os treinadores que insistem na tese burra que uma escalação só pode ser Neymar e mais dez. Ademais, aprende-se a ser responsável com pessoas mais velhas, não com garotos que pensam como ele.

Dorival Júnior, na passagem anterior pelo Santos FC, foi corajoso e mostrou ter visão de futuro ao colocar Neymar no banco, mas o jogador não compreendeu a atitude do treinador, pois à época já acreditava estar acima de tudo e de todos.

No universo do futebol planetário, Neymar é apenas mais um acima da média. Tanto é assim, que no Barça seu brilho fica ofuscado pelo talento de Lionel Messi e Luis Suárez. Na seleção, Neymar não é o melhor exemplo, pelo contrário, porque o restante da equipe crê que deve imitá-lo e fazer o que ele faz.

Resumindo, entre conquistar a medalha de ouro no futebol olímpico com Neymar e ficar sem a láurea jogando com um time sem o atleta do Barcelona, a segunda opção é a mais lógica e coerente. Até porque, de malandragem e boas intenções o inferno está cheio.

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