Embora o WhatsApp afirme de forma reiterada que não possui acesso ao conteúdo das conversas entre seus usuários, de acordo com o pesquisador especializado em iOS, Jonathan Zdziarski, isso é possível. O especialista diz que mesmo depois de os usuários terem apagado as mensagens no aplicativo, tem como acessar os registros para encontrar essas informações.
Ao examinar imagens de disco da versão mais recente do aplicativo, Zdziarski percebeu que o WhatsApp retém traços forenses dos registros de conversa. Esses dados podem ser acessados tanto física quanto remotamente, por meio de sistemas de backup.
O problema, conforme o pesquisador, está no banco SQLite usado pela empresa nos códigos do app, porque esse não faz a sobreposição de dados automaticamente. Assim, mesmo que esteja marcada como apagada, cada mensagem permanece disponível dentro do app ou em serviços de armazenamento como iCloud.
O app possui um esquema forte de criptografia que impossibilita o acesso às conversas quando elas estão em trânsito. Porém, quando as mensagens chegam nos aparelhos a história muda.
Contudo, essa situação não é exclusiva do WhatsApp. Em conversa com o The Verge, Zdziarski afirmou que vários serviços similares deixam traços forenses — “[o] iMessage deixa muitos”, afirmou. Já o Signal, que é focado em privacidade, está livre desse problema.
Essa descoberta pode complicar as coisas para o WhatsApp em batalhas judiciais. No Brasil, o app está prestes a enfrentar uma quarta suspensão por se negar a fornecer dados de conversas entre potenciais criminosos. A empresa vem se defendendo há meses afirmando não ter acesso a esses dados.
Outro lado
Nesta sexta-feira (29), o UCHO.INFO conversou com especialistas em mensagens criptografadas para saber sobre a possibilidade de as mesmas serem monitoradas.
Segundo o representante de um dos melhores e mais confiáveis aplicativos de mensagens criptografadas do planeta, as “conversas” escritas não são acessíveis, a não ser que o sistema de criptografia seja derrubado como um todo. O que prejudicaria os usuários.
No caso de mensagens de áudio, essas podem ser eventualmente gravadas, dependendo do aplicativo, mas somente com ordem ordem judicial. No caso de eventual gravação das mensagens de áudio, que também são criptografadas, o processo é altamente complexo e demorado, sendo necessário submeter o arquivo a dois tratamentos específicos.
A grande questão é que esses aplicativos funcionam apenas como plataforma de conexão dos usuários, não havendo possibilidade de acessar a transferência de dados.
