A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), se escapar de condenação (foi acusada por seis delatores da Operação Lava-Jato e indiciada por corrupção passiva na Polícia Federal), poderia candidatar-se a uma vaga em qualquer programa humorístico. Em declarações inflamadas, registradas por um portal petista, ela ataca o jornal “O Globo” por suposta “má fé e falta de responsabilidade” ao registrar em manchete o desânimo, a desarticulação e a descrença da base da ‘presidenta’ Dilma Rousseff.
O desânimo e a desarticulação registrados pelo jornal carioca são óbvios e devem-se ao fato de boa parte dos defensores de Dilma estar presa ou na eminência de ser presa (nesse rol está o marido de Gleisi, acusado de participar de esquema que abduziu R$ 100 milhões de servidores, inclusive aposentado). Sem contar os “companheiros” que estão atolados em graves denúncias de corrupção, como é o caso da própria Gleisi.
É direito da senadora discordar das notícias e limitar-se a atacar os jornais, mas deveria ocupar seu tempo com explicações convincentes sobre as gravíssimas denúncias de corrupção que a atingem, assim como o seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva. Esse comportamento da senadora paranaense é um claro sinal de desrespeito à inteligência do eleitor brasileiro, que os petistas insistem em desrespeitar.
No destampatório contra a imprensa, a senadora afirma que “o movimento entre os senadores que são contra o golpe é intenso, não só nos argumentos da defesa como também nas conversas com colegas que têm dúvidas sobre o processo e não querem entrar para história como partícipes de um golpe parlamentar”.
Sem revelar a natureza dos argumentos utilizados, Gleisi Hoffmann garante que dois votos “foram mudados”. “Pelo menos dois votos já foram mudados até agora. Essa manchete [de O Globo] demonstra que o governo golpista e seus apoiadores midiáticos estão temerosos com o resultado da votação do impeachment no Senado e querem criar o clima de resultado certo pró-Temer. Não vamos cair nessa e nem permitir que fatos assim tragam desânimos”.
A senadora classifica como integrantes de suposta “quinta coluna” os petistas que já reconhecem a derrota. “E aos “quinta colunas”, se existirem, que cavam espaço na imprensa se prestando a passar informações sem se identificarem, só resta qualificá-los como merecem: covardes e oportunistas!”.
Esse devaneio verborrágico mostra que Gleisi Hoffmann sequer conhece a realidade do próprio partido, que nos bastidores conta as horas para livrar-se da presidente afastada, já considerada pelos camaradas como um sério entrave nos planos petistas para as eleições de outubro próximo, quando a legenda sonha e ressurgir da lama da corrupção.
Sobre o golpe contra os servidores federais patrocinado pelo marido e as denúncias de propina no âmbito do Petrolão, Gleisi entendeu ser desnecessário qualquer explicação, assim como fez em relação ao pedófilo da Casa Civil, Eduardo Gaievski, que a então ministra levou ao Palácio do Planalto na condição de assessor especial.