Nível crítico: no vácuo das falácias do governo Dilma, desemprego atinge chefes de família

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Dez entre dez petistas fala do legado dos governos de Lula e Dilma quando a ordem é defender o partido, que cada vez mais afunda na vala da corrupção. Sempre enfadonho, o discurso passa obrigatoriamente pelas conquistas dos trabalhadores, as quais poderão desaparecer à sombra do que os camaradas chamam de governo golpista.

Sem que seja possível medir qualquer efeito das primeiras medidas tomadas pelo governo interino de Michel Temer, até porque isso demora pelo menos seis meses, a tragédia patrocinada pela presidente afastada na economia nacional continua produzindo preocupantes efeitos colaterais.

A recessão econômica, que já dura dois anos, tem como consequência o desemprego em seu estágio mais grave. A falta de vagas de emprego passou a atingir os trabalhadores que respondem pela principal fonte de renda da família.

Geralmente, os chefes de família são mais resistentes às intempéries do mercado, com vínculo mais longo no emprego e experiência, mas desta vez esses trabalhadores não estão sendo poupados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), esse nicho de trabalhadores representa 45% dos funcionários com mais de dois anos na mesma empresa.

Foi justamente esse o grupo mais afetado pelo desemprego em 2015, representando cerca de um terço das demissões, conforme levantamento do economista Sérgio Firpo, do Insper. É a pior marca desde 2002, além de o número ser maior em termos negativos do que o registrado em outras crises, como a de 2003 e a de 2009.

A taxa de desemprego dos chefes de família subiu 72%, de 3,53% dos trabalhadores no início da recessão, em meados de 2014, para 6,07% no primeiro trimestre deste ano.


Para os economistas, o fenômeno deve ter consequências profundas nas famílias e nas empresas mesmo após a crise. A perda da principal renda da família empurra para o mercado de trabalho os demais integrantes, muitos deles filhos com idade entre 14 e 17 anos, que passam a dividir horas de estudo com a busca por trabalho.

O risco é que esses jovens reduzam suas chances de melhores empregos e salários no futuro, o que pode comprometer seu progresso econômico e afetar o crescimento do Brasil no longo prazo.

Para as empresas, a saída desses funcionários também é má notícia que pode perdurar. “Esse trabalhador domina a tecnologia utilizada pela empresa e é mais produtivo naquele ambiente. Quando sai, é uma perda que não aparece na contabilidade, um custo invisível de perda de capital humano”, afirma Hélio Zylberztajn, da USP.

Ainda segundo Firpo, os desligamentos de trabalhadores com vínculos mais longos podem significar perda de conhecimento para as empresas e para os funcionários. “O empregador terá que treinar outra pessoa, e o trabalhador vê pouca utilidade nas habilidades adquiridas na firma”.

Diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca afirma que é um mau sinal olhando à frente quando as empresas chegam ao ponto de fazer demissões em massa. Sobretudo de funcionários com mais experiência.

“Significa que o empresário segurou ao máximo as demissões e decidiu desligar funcionários que, com a produção escassa, estavam sendo deslocados para outras atividades, como manutenção. Isso indica que a retomada, quando vier, será lenta”, ressaltou.

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