Fica cada vez mais claro que está em curso um plano desesperado para transformar Luiz Inácio da Silva, o lobista-palestrante, em perseguido político, estratégia criada para tentar afastá-lo das garras da Operação lava-Jato. O primeiro capítulo dessa aleivosia ficou a cargo do recurso apresentado por Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em que o petista acusa o Estado brasileiro de violação dos direitos humanos e abuso de autoridade por parte do juiz Sérgio Moro.
A ideia é cria um terreno fértil para que prospere eventual pedido de asilo a ser formulado por Lula, caso o tempo mostre ser inevitável a prisão do ex-presidente, que é investigado em várias frentes na Lava-Jato e tornou-se réu em processo por tentativa de obstrução à Justiça.
Para dar sequência ao plano bolivariano, Lula, na terça-feira (2), em Natal, disse estar tranquilo em relação às investigações que envolvem a participação de empreiteiras nas obras do sítio de Atibaia e do apartamento de Guarujá, em São Paulo.
“Eu estou aqui tranquilo. Se eles pensam que vão acabar com Lula, estão enganados”, ressaltou o petista em discurso durante convenção que oficializou o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) como candidato à Prefeitura de Natal.
Lula também negou ser dono do sítio e do apartamento e disse que “inventaram” que ele seria proprietário dos imóveis. Entre o que o ex-metalúrgico fala ao vento e as provas colhidas pelas autoridades ao longo das investigações há uma enorme distância. Lula pode falar o que quiser, mas não tem o direito de ignorar que contra fatos inexistem argumentos.
Quando repete diversas vezes o discurso de que querem eliminá-lo em termos políticos, Lula deixa evidente que avança a estratégia de vender aos incautos a ideia de que ele é um perseguido. Condição básica para um pedido de asilo. Aliás, emissários do ex-presidente já sondaram algumas embaixadas sobre essa possibilidade.
A visita de Lula a Natal faz parte de uma agenda por três cidades nordestinas, região do País onde o petista tenta ressurgir da lama dos escândalos de corrupção. Esta é a segunda vez em um mês que o ex-presidente participa de atos no Nordeste, principal reduto eleitoral do PT.
Ao lançar a candidatura de Fernando Mineiro à Prefeitura de Natal, Lula queixou-se de antigos aliados, como o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD).
O ex-presidente disse que o governador potiguar recebeu o seu apoio em 2014, mas o traiu “no dia seguinte” ao apoiar o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Na votação do impeachment, aliados do governador, incluindo o seu filho, deputado federal Fábio Faria (PSD), votaram pelo afastamento.
“O dia em que ele votou contra Dilma, eu tentei ligar para ele, ele não atendia. Eu pedi para o [Fernando] Mineiro ir no gabinete dele, ele não me atendeu. Eu queria falar com o filho dele, não me atendeu”, revelou, confessando o lobby que fez durante a votação do impeachment de Dilma no Congresso.
O petista-mor afirmou que, a partir de agora, é melhor o partido caminhar sozinho. “Às vezes, é melhor andar sozinho, mesmo que a caminhada seja difícil, do que mal acompanhado”. Com certeza muitos políticos estão a esfregar as mãos por não ter mais o compromisso de estar ao lado do patrono do Petrolão.