Nesta quinta-feira (4), representantes de Brasil, Paraguai e Argentina têm reunião marcada em Montevidéu, onde fica a sede do Mercosul. O encontro servirá para desfazer o impasse sobre a presidência do bloco.
De acordo com o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, que anunciou em Assunção a decisão de realizar o encontro, o Uruguai teria aceitado participar. A Venezuela, que se declarou no último sábado (3) unilateralmente ocupante do posto, após os uruguaios deixarem-no vago, não reconhece a legitimidade do encontro.
Loizaga afirmou que o grupo de três países preparou documentos para analisar o protocolo de adesão da Venezuela. Assunção alega que Caracas não reúne condições legais nas áreas aduaneira e de direitos humanos para ser membro pleno. O país governado por Nicolás Maduro teria até o dia 12 para comprovar essa adaptação e argumenta que já passou pela presidência do bloco sem ter reunido os requisitos.
O chanceler indicou que proporá a transmissão da presidência semestral à Argentina, o próximo país em ordem alfabética. “Vamos decidir como encarar os próximos seis meses e analisar o protocolo de adesão da Venezuela, para resolver essa situação da presidência. E poderíamos, seguindo a ordem alfabética, fazer com que a Argentina assuma a presidência”, revelou.
Ele ainda explicou como se chegou à decisão de uma reunião de emergência, para a qual em princípio estão escalados os vice-chanceleres. “Os coordenadores de Paraguai, Brasil e Argentina se convocaram. E o Uruguai também estará (a diplomacia uruguaia não confirmou presença)”, disse.
Loizaga afirmou ter falado com a chanceler argentina, Susana Malcorra, e com o colega brasileiro José Serra. Ele também destacou que desta vez o encontro será na sede administrativa do Mercosul, na capital uruguaia. Na última vez que o grupo de chanceleres tentou se reunir sem um representante da Venezuela, em caráter informal, no dia 11 de julho, no ministério das Relações Exteriores em Montevidéu, a venezuelana Delcy Rodríguez apareceu de surpresa. Ela acusou os representantes de Brasil e Paraguai de se esconder no banheiro para não enfrentá-la.
Sobre a escolha de se reunir no Uruguai, país que apoiou a Venezuela em sua declaração de posse no bloco, Loizaga disse que ali se encontra a sede administrativa do Mercosul. “Pagamos por um espaço e temos uma cota. Então isso não está sob o guarda-chuva do governo do Uruguai, que até alguns dias era o coordenador do bloco”, argumentou.
Depois de afirmar que não responderia ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sobre as acusações da véspera de que Brasil, Argentina e Paraguai formam uma Tríplice Aliança contra Caracas, o chanceler tocou no assunto.
“Nos quatro países fundadores, funcionam os fundamentos do Estado, a divisão de poderes e não orientamos ninguém para calar os jornalistas. E também se respeitam as minorias. É preciso se acostumar, a democracia não é fácil”. A diplomacia venezuelana não confirmou se participará da reunião.