(*) Maria Lucia Victor Barbosa
Recentemente dois fatos estão tomando conta da mídia de modo marcante e insistente: as olimpíadas do Lula, que começarão daqui alguns dias, e a eleição presidencial norte-americana. As olimpíadas, elucubradas por Lula ou por algum de seus companheiros como o foi a Copa do Mundo do 7 x 1, tem feito brotar aos montes trapalhadas e desacertos oriundos do improviso, da incompetência, do despreparo das autoridades cariocas, notadamente do prefeito Eduardo Paes.
O alcaide, infeliz nas suas graçolas que beiram a grosseria tenta minimizar o caos dos apartamentos da Vila Olímpica, os transtornos no trânsito, os problemas do decantado Veículo Leve sobre trilhos – VLC e muito mais que vem acontecendo. Por tudo isso Paes devia receber o título de prefeito mais desastrado do Brasil.
Para piorar a situação, malgrado o enorme aparato de segurança que baixou no Rio de Janeiro, os assaltos continuam prejudicando e apavorando a população e infernizando atletas e turistas. É a vergonha nacional da violência urbana mostrada ao planeta mesmo antes das Olimpíadas começarem.
Quanto à eleição presidencial norte-americana parece que se dará no Brasil onde se votará em Hillary Clinton. Donald Trump é mostrado como um demônio branco, rico, um bufão desbocado, dotado de retórica forte contra os adversários. Isso lembra dentro das devidas proporções uma figura nossa conhecida que adicionou ao nome a alcunha de Lula.
Na verdade, Luiz Inácio Lula da Silva é mais desbocado no quesito palavrão e sua riqueza e patrimônio não têm a mesma origem nem o tamanho da de Trump, o magnata que não gosta de imigrantes ilegais nem de muçulmanos, “sujeito perigoso” que deseja que “a América volte a ser grande”. Em todo caso, Trump nunca usou a expressão, “nunca antes nesse país” ou se comparou a Jesus Cristo.
Tem também um traço no discurso de Trump que o faz detestado no Brasil latino-americano: ele encarna a direita e é politicamente incorreto, o que quer dizer que fala o que as pessoas não falam por temor de ficar mal socialmente ou serem punidas, mas pensam e sentem.
Trump, do qual se dizia que não conseguiria os delegados suficientes para obter a indicação do Partido Republicano e, se conseguisse seria barrado, já ultrapassou Hillary nas pesquisas. Sua identificação com o eleitorado se deve a alguns fatores como, por exemplo, a insegurança dos norte-americanos depois do trágico ataque de 2001 às Torres Gêmeas, o surgimento do Estado Islâmico e seus atentados terroristas, as alterações culturais e morais que esbarraram na ética tradicional.
Segundo análise de Peter Hakim presidente emérito do Diálogo Interamericano, publicada no O Estado de S. Paulo em 14 de fevereiro de 2016:
“Muito republicanos se sentem confusos e desconfortáveis com a legalização do casamento gay, com a legalização do uso recreativo da maconha e estão apreensivos com a imigração e as mudanças demográficas que estão transformando uma nação predominantemente cristã, branca e de língua inglesa, numa sociedade de múltiplas línguas, cores e culturas”.
Hillary foi oficializada como candidata presidencial do Partido Democrata. Na cerimônia Obama fez um discurso altamente elogioso para sua ex-secretária do Departamento de Estado Americano, hipotecando-lhe precioso apoio.
Curioso lembrar que em 2008, quando disputava a presidência da República com Hillary, “Obama dizia que ela era capaz de qualquer coisa para ser eleita, ironizava sua antipatia e a criticava por ficar do lado das grandes corporações, enquanto trabalhadores perdiam emprego” (Folha de S. Paulo – 28/07/2016). Ela retrucava dizendo que era perigoso alguém inexperiente como Obama chegar a tão algo cargo e o criticava por ter ligações com um empresário acusado de corrupção.
Na convenção de Filadélfia o clima era visivelmente feminista e no seu discurso, cercada por mulheres, disse Hillary: “deixe eu dizer que posso ser a primeira mulher presidente, mas uma de vocês será a próxima”. Em um cartaz era erguido estava escrito: “Madam Presidenta”.
Presidenta faz lembrar que tivemos pela primeira vez uma mulher eleita e reeleita. Aguardando seu impeachment ela foi a pior entre todos os demais presidentes, um pesadelo político que arruinou o Brasil. Não dá para compará-la a Hillary, é claro, mas é bom lembrar que a seletividade com relação a homem ou mulher, branco ou negro, pobre ou rico, não é critério válido para definir alguém como ideal para um cargo público. O que se precisa é de uma pessoa competente, experiente, cujo objetivo se volte para o bem comum.
Quanto a Trump é bom dizer, que quem tem Lula não deve jogar pedra nos políticos de outro país. Mesmo porque, são os norte-americanos que decidirão quem deve ser seu presidente da República e não nós.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.