Custo Brasil: PF prende, por coação de testemunha, “sócio” do advogado e caixa de Paulo Bernardo

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O tempo passa e a situação do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações) piora sobremaneira, assim como cai por terra o discurso moralista da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), a mais aguerrida defensora da presidente afastada.

Acusado de comandar um esquema criminoso que surrupiou mais de R$ 100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, que recorreram a empréstimos consignados, Paulo Bernardo terá um final de semana marcado pela preocupação. Isso porque a Polícia Federal prendeu, na quinta-feira (11), Marcelo Maran, sócio do advogado Guilherme Gonçalves, apontado como responsável pela contabilidade do Fundo Consist, no qual eram movimentados valores recebidos do esquema. Gonçalves também é acusado de participação no esquema e advoga para o casal petista em Curitiba.

O dinheiro desviado era destinado ao pagamento de despesas pessoais de Paulo Bernardo e Gleisi, assim como também era usado em campanhas políticas.

A prisão de Maran foi determinada pela 6.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que na última semana recebeu denúncia do Ministério Público Federal contra Bernardo, Maran, Gonçalves e mais dez pessoas. O ex-ministro, o advogado curitibano e seu sócio são réus pelos seguintes crimes: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

De acordo com as investigações da Operação Custo Brasil, desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Operação Lava-Jato), Paulo Bernardo teria recebido R$ 7,1 milhões em propinas do esquema Consist. O petista foi preso em 23 de junho, por determinação do juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, mas foi colocado em liberdade seis dias depois por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.

A Operação Custo Brasil só foi possível porque Alexandre Romano, conhecido como Chambinho, preso pela PF, fez acordo de colaboração premiada e detalhou o esquema que funcionou no Ministério do Planejamento entre 2009 e 2015.


A força-tarefa da Custo Brasil colheu o depoimento de uma testemunha do caso, ouvida anteriormente, na fase de inquérito, pela Lava-Jato, em julho de 2015.

Na ocasião, a testemunha revelou que o dinheiro do Fundo Consist pagava despesas pessoais de Paulo Bernardo e que Marcelo Maran havia dito que o dinheiro era desviado para campanhas políticas e que o escritório de Gonçalves fazia pagamentos por serviços não prestados.

Maran soube da denúncia e passou a ameaçar a testemunha por meio de familiares. Para os procuradores da República Andrey Borges de Mendonça, Rodrigo de Grandis, Silvio Luís Martins de Oliveira e Vicente Mandetta, responsáveis pelo caso Consist, “não há dúvida de que Maran tentava cooptar a testemunha e de que agora a ameaçou”.

No pedido de prisão deferido pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, o Ministério Público Federal destaca: “A prisão preventiva é necessária para garantia da instrução quando o imputado interfere na produção da prova. No caso, referida interferência se manifesta pela tentativa inicial de cooptar a testemunha para a continuidade do esquema, com o oferecimento de vantagens semelhantes às que Maran recebia, para que não saísse do escritório, e, atualmente, em razão da tentativa de alterar o depoimento da testemunha. A ameaça, embora destinada ao irmão do depoente, possuía clara e certa finalidade: fazer com que a testemunha alterasse seu depoimento e deixasse de incriminar Marcelo Maran”.

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