Impeachment: Renan deve explicações sobre atuação para evitar indiciamento de Gleisi e do marido

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Renan Calheiros foi minimalista ao afirmar, na manhã desta sexta-feira (26), que o Senado transformou-se em hospício no rastro do julgamento final do impeachment da presidente afastada. O minimalismo de Renan reside no fato de que o Senado, um conhecido balcão de negócios, tonou-se um alvoroçado circo, um enorme e trepidante picadeiro.

No momento em que, valendo-se do microfone do plenário da Casa, afirma ter atuado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter o indiciamento dos petistas Gleisi Helena Hoffmann e Paulo Bernardo da Silva, o presidente do Senado deve explicações convincentes à sociedade brasileira, sob pena de a Corte ficar sob suspeição. É sabido que a Justiça está a anos-luz da folclórica cegueira que lhe imputam os mais crédulos, mas a afirmação de Renan é no mínimo gravíssima.

O Brasil assiste, há quase trinta meses, o desenrolar de uma operação policial que desmontou o maior esquema de corrupção do planeta, o qual serviria para a perpetuação do PT no poder, portanto é inaceitável a afirmação de que o chefe de um Poder constituído tenha ingerido nas questões de outro para tentar livrar políticos acusados de crimes graves.


A declaração de Renan coloca em situação de extrema dificuldade o ministro Dias Toffoli, responsável no STF pelo processo decorrente da Operação Custo Brasil, na qual a senadora Gleisi Hoffmann e o marido são alvo das investigações sobre o esquema criminoso batizado de Consist, que surrupiou mais de R$ 100 milhões de servidores federais aposentados que contrataram empréstimos consignados. Como o mandado de busca e apreensão, no âmbito da Custo Brasil, foi cumprido no apartamento funcional de Gleisi, o Senado entrou na briga a reboque da imunidade parlamentar.

A situação torna-se ainda pior porque o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento final do impeachment, acompanhou pacificamente as declarações de Renan, sem esboçar qualquer reação diante da afirmação que coloca sob suspeita não apenas a Corte, mas o Judiciário como um todo.

Em relação à senadora Gleisi Helena Hoffmann, o cenário é ainda mais constrangedor. Primeiro porque a petista disse, em plenário, na quinta-feira (25), que ninguém no Senado tem moral para “cassar” Dilma Rousseff. Em segundo plano, mas igualmente explosivo, nesta sexta-feira a senadora paranaense teria chamado o colega Renan Calheiros de “mentiroso” e “canalha”. O que levou o presidente do Senado a fazer a fatídica declaração. Para quem insiste na tese do golpe, recorrer a um senador para evitar o próprio indiciamento é algo típico de golpista.

Para finalizar, triste é ter de assistir a uma queda de braços, com direito a troca de acusações, entre duas figuras do naipe de Renan Calheiros e Gleisi Hoffmann, políticos desprovidos de qualquer dose de moral para manifestações durante um julgamento tão importante como é o do impeachment da presidente afastada.

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