Desde muito antes de chegar ao poder central, Lula, o decadente lobista-palestrante, sempre apostou na impunidade. Com o passar do tempo, o petista passou a fazer aquilo que condenou durante mais de duas décadas. No vácuo do Mensalão do PT e do Petrolão, o ex-metalúrgico acreditou ser possível transformar-se em alguém acima de todos e da legislação vigente no País.
Indiciado pela Polícia Federal, no caso do triplex em Guarujá, por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, Lula está inconformado com o desdobramento do imbróglio que pode levá-lo à prisão. Ciente de que a melhor receita, no momento, é sair de cena, o petista cumpre a difícil missão de apoiar a afastada Dilma Rousseff, que dentro de alguns dias poderá ser apeada definitivamente do cargo.
Em Brasília, para onde viajou na sexta-feira (26) para combinar com Dilma sua presença no depoimento que a sucessora fará no plenário do Senado, Lula revelou a “companheiros” mais próximos sua estupefação com a decisão da PF de indiciá-lo juntamente com Marisa Letícia. “Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje”, disse o ex-presidente.
Ao conversar com Dilma sobre sua presença no plenário do Senado, Lula disse não ter expectativa de virada no quadro atual do impeachment, alegando que será uma enorme surpresa a eventual mudança de algum voto.
Pessoas que estiveram com Lula revelaram seu visível abatimento com o cenário, como um todo: do impeachment ao indiciamento. Além disso, a preocupação do ex-presidente com o futuro do PT é notória. Segundo interlocutores, Lula considera importante ganhar a versão dos fatos (golpe), mesmo que o resultado do processo de impedimento seja negativo. Essa avalicao encontra explicação na necessidade de o PT ter uma narrativa para ressurgir do caos.
Acima da lei
O indiciamento de Lula pela Polícia Federal “é um bom sinal de que estamos vivendo tempos em que não há ninguém acima da lei”, disse o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP). na opinião do parlamentar, o indiciamento “demonstra que é preciso aprovar logo o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, mandá-la para casa e deixar as lideranças do PT envolvidas com corrupção cuidarem de suas defesas”.
O presidente do PPS diz é hora de os petistas e aliados de Dilma “acabarem com a narrativa estúpida de golpe, quando o ex-presidente Lula está às voltas com a polícia e a Justiça por crime de corrupção”.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris, em Guarujá, no litoral paulista Guarujá. Para a PF, Lula é o verdadeiro dono do imóvel, que foi reformado pela construtora OAS como parte de uma compensação de propina por contratos da empreiteira com a Petrobras. Fora isso, Lula é alvo de investigação sobre o polêmico Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, que envolve a OAS e a Odebrecht.
“Pá de cal na candidatura”
“Pode ser a pá de cal nas pretensões políticas de Lula”, avaliou, na sexta-feira (26) o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), ao comentar o indiciamento de Lula no caso do triplex praiano.
De acordo com o Rubens Bueno, o indiciamento comprova que, sob o comando de Lula, o Brasil virou vítima de uma organização criminosa que tinha como principal objetivo usar o dinheiro público em proveito próprio e beneficiar alguns partidos políticos, principalmente o Partido dos Trabalhadores.
Má companhia
Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) também comentou o indiciamento do ex-presidente Lula. Em coletiva no plenário do Senado, neste sábado (27), Caiado foi questionado sobre a participação de Lula na comitiva que acompanhará Dilma Rousseff na próxima segunda-feira, quando a petista será interrogada.
“Qualquer cidadão que tem compromisso com a ética e com os princípios republicanos deveria encarar um indiciamento pela polícia como algo prioritário. Ele precisa se resguardar, refletir e achar uma resposta para essas denúncias pelas quais foi denunciado”, disse Caiado.
O democrata argumenta que a presença de Lula, após indiciado, levará ao julgamento de afastamento definitivo da presidente Dilma uma nova interpretação que o coloca como corresponsável pelos crimes cometidos por sua sucessora.
“Vai acabar atestando que tudo isso que está aqui sendo julgado na verdade é fruto de suas decisões. Ele foi o mentor intelectual desse governo, dessa presidente e das práticas de desrespeito à democracia, ao Estado e às leis do país”, comentou o democrata.