Entre a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de suspender, no âmbito da Operação Lava-Jato, a negociação do acordo de colaboração premiada de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os políticos estavam respirando aparentemente aliviados, pois desarmou-se uma bomba o artífice do golpe (sic) foi mandado de volta para casa. E o alívio era quase generalizado, beneficiando políticos dos mais variados partidos e distintas correntes ideológicas.
Acontece que esse repentino momento de alívio terminou na tarde desta terça-feira (13), quando, em Curitiba, diante do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos resultantes da Lava-Jato, Léo Pinheiro decidiu soltar o verbo.
O ex-presidente da OAS disse ao magistrado que pagou propina para blindar as empreiteiras do Petrolão, em 2014, na CPMI da Petrobras. Pinheiro afirmou também que participou de reunião na casa do então senador Gim Argello (PTB-DF) para tratar do assunto e que surpreendeu-se ao encontrar o petista Ricardo Berzoini, à época ministro de Relações Institucionais do governo Dilma. Berzoini participou do encontro porque Dilma estaria preocupada o desenrolar da CPI.
No depoimento ao juiz da Lava-Jato, Léo Pinheiro relatou pagamentos de propina a vários políticos e partidos, como o então senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), à época presidente da CPMI e hoje ministro do TCU, e o deputado federal Marco Maia (PT-RS), que era o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito. Além disso, o empreiteiro teria depositado R$ 1 milhão na conta do PMDB nacional na forma de doação legal, mas que na verdade era pagamento de propina mediante extorsão.
Ao depor ao juiz da Lava-Jato, o ex-presidente da OAS abriu uma vertente de pressão para que o procurador-geral reveja a decisão de suspender o acordo de colaboração premiada. Isso colocará de novo na linha de tiro o ex-presidente Lula, que certamente acabará preso por conta do sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, que o UCHO.INFO classifica com o “Fiat Elba” do petista.
É importante destacar que coube a Léo Pinheiro reformar o Sítio Santa Bárbara, que os investigadores da Lava-Jato afirmam ser de Lula, assim como uma complexa remodelação no apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, a pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Fora isso, uma agenda apreendida na casa de um funcionário da OAS guarda o registro de reuniões e jantares com Lula, José Dirceu, Gilberto Carvalho e Charles Capela de Abreu, ex-assessor do então ministro Antonio Palocci Filho.
Como se não bastasse, o procurador-geral da República solicitou ao STF a abertura de inquérito para investigar o senador Romário (PSB-RJ) e os deputados Jutahy Júnior (PSDB-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), este último presidente da Câmara. O pedido teve como base a citação dos nomes dos três parlamentares em mensagens trocadas entre Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro.