Lava-Jato: Lula pediu respeito à “Dona Marisa”, mas ainda não explicou intimidade com Rose Noronha

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Sabem os leitores que no UCHO.INFO não se faz jornalismo de encomenda, assim como não se tergiversa diante dos fatos e da verdade. Algumas horas depois do melodramático e enfadonho pronunciamento de Lula, que a reboque da sua decrepitude tentou desqualificar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) – corrupção e lavagem de dinheiro –, começaram a despontar profissionais da imprensa defendendo o ex-presidente da República, que por pouco não entrou na fila da canonização.

O ponto de partida para essa adulação nauseante foi a maneira como a força-tarefa da Operação Lava-Jato dissecou a corrupção durante apresentação que prefaciou a denúncia em si. Jornalismo se faz com responsabilidade, ética e coerência, não com servilismo barato e de ocasião. Imaginar que Lula é um “coitado” injustiçado e perseguido é atropelar o bom senso jornalístico.

O que o MPF mostrou ao País por meio de apresentação didática é algo que há muito os jornalistas que cobrem o cotidiano da política nacional conhecem em detalhes. A explanação dos procuradores da Lava-Jato foi incisiva e contundente, mas nem de longe foi incoerente e leviana. E se reclamações existiram por parte do denunciado, por certo a carapuça estava na medida exata.

Este portal não se furta de criticar os procuradores quando necessário – tem feito isso com certa constância –, mas é preciso reconhecer que nada de errado ou equivocado ocorreu durante a coletiva comandada pelo procurador Deltan Dallagnol.

Por outro lado, Lula, em seu pronunciamento, obrigou a incoerência a fazer par com a dramaticidade. Depois de garantir que não faria o papel de vítima, o petista disse que em termos de honestidade só perde para Jesus Cristo. Na mesma fala, o ex-presidente afirmou “não somos mais honestos que ninguém”. Ora, Lula precisa decidir o que deseja: ser quase tão honesto quanto Jesus Cristo ou ter a honestidade medida por uma régua qualquer.

Cada vez mais refém das inverdades que vocifera, Lula disse que respeita as instituições e as leis, mas não foi isso que ele demonstrou quando flagrado em diálogos telefônicos nada republicanos. Afirmou o ex-metalúrgico que a denúncia do MPF é a conclusão da “novela”. “Vão agora dar o desfecho, acabar com a vida política do Lula. Não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia que fizeram”, disse.

Sempre agarrado à bizarrice discursiva, Lula tentou fincar a tese de que os procuradores o denunciaram com base em convicção. O que não é verdade. Os procuradores usaram a palavra “convicção” de forma pontual, mas garantiram que há denúncia provas cabais. Até porque, nenhum representante do MPF seria irresponsável a ponto de denunciar alguém a esmo.


A ousadia do petista é tamanha, que ele sugeriu a possibilidade de se entregar à polícia. “Provem uma corrupção minha que eu irei a pé ser preso”. Lula que se tranquilize, pois no momento adequado a viatura da Polícia Federal lhe dará a devida e necessária carona.

Contudo, a desfaçatez de Lula ultrapassou os limites do aceitável quando solicitou respeito à ex-primeira-dama Marisa Letícia. “Não conheço os meninos (os procuradores da Lava-Jato), só quero que sejam honestos comigo, que respeitem a dona Marisa. Não sei se eles têm família como eu tenho, mas certamente não são melhores que dona Marisa.”

Em primeiro lugar, qualquer dose rasa de honestidade é um banquete para quem é acusado de ser o “comandante máximo” do maior esquema de corrupção de todos os tempos. Portanto, os integrantes da força-tarefa não precisam se avexar, pois no dicionário de Lula a palavra honestidade está quase apagada.

Em relação ao respeito à “Dona Marisa”, Lula deveria envergonhar-se de tão acintoso pedido. O ex-presidente silenciou-se diante das afirmações de Rosemary Noronha, que aos interlocutores interessados em patifarias no âmbito do governo apresentava-se como amante do petista com a desfaçatez que lhe é peculiar. Em nenhum momento Lula desmentiu a tal da Rose, que continua impune na esteira da Operação Porto Seguro. O petista-mor sabe que o melhor é manter Marisa longe do imbróglio, pois se a rainha da mudez decidir soltar a voz, o estrago será monumental.

Sobre ter uma família, por certo todos têm, já que ninguém estreia na vida. Pode ser que alguns já tiveram uma família e por motivos vários ela se desfez. Contudo, Lula tem razão ao afirmar que a sua família é diferente e especial. Dona Marisa, a imaculada, ordenou a reforma no triplex em Guarujá e no sítio em Atibaia, mas continua calada como se falar fosse pecado ou crime (dependendo do que falar é). O filho mais velho do casal, o tal do Lulinha, virou empresário de sucesso da noite para o dia, com sócios que aceitaram registrar em seus respectivos nomes uma propriedade rural que precisava ser escondida das autoridades. Menino de sorte. A esposa do gênio da lâmpada fica de graça ao conversar por telefone com o irmão do sócio do marido, mas a família real de São Bernardo do Campo é diferente e moderna.

O mesmo Lulinha recebeu em sua empresa um depósito do Instituto Lula no valor de R$ 1,3 milhão, com direito a contrato simulado de prestação de serviços, mas isso é invenção da direita golpista que não aceita o sucesso do último gênio do planeta. O outro filho do sacro casal, Luís Cláudio, usou um texto que estava disponível na internet para justificar a feitura de um projeto de marketing esportivo a pedido de escritório de lobby que foi flagrado na Operação Zelotes. Ou seja, a família Lula da Silva é única, como a última cocada no tabuleiro da baiana.

O desespero que surgiu no rastro da denúncia da força-tarefa da Lava-Jato é um só e tem feito duplo, no melhor estilo “dois coelhos, uma só cajadada”. No caso de eventual decretação de prisão, o que é perfeitamente possível, Lula e o PT estarão arruinados. Em caso de condenação em primeiro grau, o passo seguinte será abrir a sepultura. Diante de condenação proferida por colegiado (segunda instância), só restará baixar o esquife. E PT saudações!

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