Forças Armadas da Síria declaram o fim do cessar-fogo; país continua sendo devorado pela barbárie

(Hassam Ammar - AP)
(Hassam Ammar – AP)

O Alto Comando das Forças Armadas da Síria declarou nesta segunda-feira (19) o fim do cessar-fogo acertado pela Rússia e pelos Estados Unidos, que estava em vigência desde a última semana. Regime e rebeldes acusaram-se mutuamente de violar a trégua, enquanto Moscou e Washington tentaram sem sucesso prorrogar o armistício.

“O Exército sírio anuncia o fim da paralisação dos combates que vigorava desde as 19 horas do dia 12 de setembro de 2016, em conformidade com o acordo entre Rússia e EUA”, afirmaram as Forças Armadas em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal Sana.

O documento também afirma que “grupos de terroristas armados” – uma expressão que o governo sírio usa para se referir a qualquer grupo rebelde no país – sabotaram a paralisação das hostilidades. Os militares também acusaram os rebeldes de usarem a trégua para fortalecer suas posições com o objetivo de atacar alvos governamentais. Os rebeldes teriam violado a trégua mais de 300 vezes.

“As Forças Armadas confirmam sua intenção e determinação de continuar lutando contra o terrorismo para restabelecer a segurança e a estabilidade na Síria”, ressalta o comunicado.

O anúncio foi feito após o Pentágono confirmar que aviões da coalizão internacional liderada pelos EUA atacaram posições do Exército sírio no último final de semana, ao tentar combater o grupo extremista “Estado Islâmico” (EI), que opera no país.

Segundo a emissora de televisão estatal síria, o presidente sírio, Bashar al-Assad disse que o ataque, que matou dezenas de soldados na província de Deir el-Zour, foi uma “flagrante agressão americana”.


“Grande mentira”

Mais cedo, um dos principais líderes da oposição ao regime de Damasco já havia afirmado que o cessar-fogo teria sido uma “grande mentira” e culpou o regime de Bashar al-Assad pelo fracasso.

“Essa semana de trégua não durou e falhou em atingir o objetivo de enviar ajuda humanitária”, afirmou George Sabra, membro da aliança opositora Alto Comitê de Negociações (HNC, na sigla em inglês). O cessar-fogo, segundo ele, havia perdido toda a credibilidade.

Um dos principais objetivos do cessar-fogo era garantir o acesso de ajuda humanitária ao leste de Aleppo, onde 300 mil pessoas vivem sitiadas. Cerca de 40 caminhões prontos para transportar itens de primeira necessidade ainda aguardam na Turquia, próximo à fronteira com a Síria, a autorização do regime de Damasco para ir até a cidade sitiada.

A organização Crescente Vermelho conseguiu levar 12 mil pacotes de alimentos para a localidade de Moudamyat al Sham, dominada por grupos rebeldes, nas proximidades de Damasco. A ajuda também chegou à cidade de Talbiseh, controlada por grupos da oposição.

Nesta segunda-feira, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a situação no país árabe, revelou que 92 civis morreram na última semana nas áreas onde o cessar-fogo entrou em vigor. Entre os mortos estavam ao menos 29 menores de idade e 17 mulheres. (Com agências internacionais)

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