Para quem acreditou que a Operação Lava-Jato aproximava-se de seu final, há ainda muitos escândalos a serem desvendados. Isso porque quanto mais os investigadores avançam no desmonte do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, mais desdobramentos criminosos surgem no horizonte.
Na quinta-feira (22), as atenções em todo o País ficaram voltadas para a prisão temporária – e a subsequente revogação da mesma – do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda), acusado de cobrar do empresário Eike Batista uma doação de US$ 2,3 milhões para quitar dívida de campanha do PT. A situação de Mantega tornou-se complexa porque, por orientação do então ministro, o pagamento foi feito em conta bancária na Suíça pertencente a Mônica Moura e João Santana, os outrora marqueteiros das estrelas petistas.
Com a soltura de Guido Mantega, os comentários do dia focaram os desdobramentos da Operação Arquivo X e uma eventual delação premiada do ex-ministro, que foi preso na recepção do Hotel Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista.
Contudo, uma declaração do procurador federal Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato, passou ao largo da opinião pública. Ao participar da entrevista coletiva para detalhar a Operação Arquivo X, o procurador da República disse que há “inúmeros fatos e denúncias” envolvendo o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal André Vargas (sem partido), ambos presos e condenados na Lava-Jato.
Santos Lima afirmou que já há provas de repasse de cerca de R$ 6 milhões, em 2013, pelo Consórcio Integra Ofsshore (formado pelas Mendes Júnior e OSX) para a empresa Tecna/Isolux, ligada ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e empresas do ex-petista André Vargas Ilário.
É nesse exato ponto da fala do procurador Carlos Fernando que reside o furacão já tira o sono não apenas de André Vargas, que está encarcerado no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, mas de todos aqueles que durante anos operaram nos subterrâneos da política nacional a bordo de fraudes e outros crimes.
Desde que ganhou notoriedade no meio político, deixando para trás a condição de estafeta de luxo de alguns malandros com mandato, André Vargas passou a abusar da ousadia, situação que chegou ao ápice quando o então petista conquistou o cargo de primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados. A partir de então os negócios ilícitos prosperaram nos bastidores da política, beneficiando o próprio Vargas e seus comparsas de roubalheira.
Caso a Lava-Jato decida a avançar na seara dos “negócios” de André Vargas – o UCHO.INFO está pronto para fornecer detalhes importantes –, os investigadores por certo chegarão a situações estranhas e que provocam questionamentos. Vargas foi preso em abril de 2015, portanto desde então está sem trabalhar. E deve passar mais alguns longos anos atrás das grades, pois foi condenado a 14 anos e 4 meses de prisão.
A questão é saber como André Vargas Ilário vem mantendo sua família e pagando os honorários dos advogados que o defendem. Como ninguém vive de brisa e advogado criminalista não trabalha de graça, há algo estranho nessa epopeia que pode culminar em mais um milagre da multiplicação.
Vargas foi acusado de operar de forma canhestra na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde, onde teria conseguido contratos lesivos aos cofres públicos. Dessas empreitadas participaram alguns comparsas, dentre eles um empresário de Brasília conhecido como Alceu.
Segundo apurou o UCHO.INFO, o tal Alceu estaria responsável por bancar as despesas de Vargas além dos muros da prisão. Entre esses custos, a manutenção da família do ex-deputado, que mora em elegante condomínio de Londrina, e a estrutura necessária para garantir a defesa do ex-petista.
Ademais, causa estranheza como o tal Alceu consegue essa proeza financeira em tempos de grave crise econômica. Conhecido em Brasília por externar sinais de riqueza, Alceu continua mantendo a vida nababesca. Além da “mão amiga” que colabora com Vargas, o empresário mantém fechado um caro apartamento de cobertura no Setor Noroeste da capital dos brasileiros, uma confortável mansão à beira do lago Sul, em Brasília, e um escritório (dizem que é de advocacia) no edifício Brasil 21, ao pé da Esplanada dos Ministérios. Sem contar a frota de carros importados que está parada na garagem. Ou seja, um custo mensal que deve beirar os R$ 250 mil.
Prega a sabedoria popular que “quando a esmola é muita, até o santo desconfia”, mas no caso em questão quem deveria ficar de olhos abertos é a força-tarefa da Lava-Jato, pois no angu que está a cozer no fogão de André Vargas sobram caroços. E um deles pode ser o tal Alceu, o “Midas de camelô do Cerrado”.