Gleisi não compreende decisão do STF que a transformou em ré e perde-se em explicação esdrúxula

gleisi_hoffmann_1069

Que Gleisi Helena Hoffmann é dissimulada todos sabem, mas beira o desespero a reação da senadora diante da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que na terça-feira (27) aceitou denúncia contra a petista paranaense. Juntamente com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações) e o empresário curitibano Ernesto Kluger, a senadora agora é ré por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato.

É direito de qualquer cidadão não produzir provas contra si e negar as acusações que lhe são imputadas, mas não há como contrariar os depoimentos de sete delatores da Lava-Jato, que à força-tarefa, sob o compromisso de falar a verdade, revelaram fatos escabrosos acerca do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

Gleisi foi acusada pelos delatores de receber R$ 1 milhão em propina, dinheiro que saiu do esquema criminoso que durante uma década funcionou na Petrobras e acabou recheando o caixa 2 de sua campanha ao Senado Federal, em 2010. Considerando que os delatores não podem faltar com a verdade, sob pena de serem suspensos os benefícios decorrentes do acordo de colaboração premiada, Gleisi é livre para falar o que quiser, só não pode querer que a opinião pública creia em suas palavras.

“Em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki concluiu dizendo que não dá para ter certeza de que os fatos ocorreram, mas que nesse momento basta uma dúvida razoável para aceitar a denúncia. Agora, pelo menos terei, no julgamento do STF, o benefício da dúvida. Estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar com profundidade o que foi apresentado nos autos, saberá julgar com serenidade, imparcialidade e isenção esse processo. Tais requisitos faltaram em outras instâncias. Por isso, vejo a decisão desta terça-feira como uma nova oportunidade de provar, sem sombra de dúvidas, a nossa inocência, escreveu Gleisi.

“Desde o início desse lamentável episódio, quando injustamente fomos indiciados pela Polícia Federal, insistimos à exaustão que não há uma única prova concreta que aponte o recebimento de recursos ilícitos para minha campanha ao Senado, em 2010”, emendou a senadora


No contraponto, o ministro Teori Zavascki (STF), relator do caso, foi claro em seu voto, o qual derruba sem rapapés jurídicos a nota da agora ré Gleisi Hoffman. “Alberto Youssef não só confirmou a realização da entrega de valores, detalhando a maneira como procederam os pagamentos, reconhecendo, ainda, mediante fotografia, a pessoa do denunciado Ernesto Rodrigues como responsável por receber a quantia da denunciada Gleisi Hoffmann”, afirmou o ministro.

Não contente com a destrambelhada explicação, Gleisi continuou: “Como o meu advogado Rodrigo Mudrovitsch voltou a enfatizar hoje da tribuna do STF, a denúncia da PGR se baseia unicamente em questionáveis delações do doleiro Alberto Yousseff, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do sócio do doleiro, Antonio Carlos Pieruccini. Em sua delação, essa pessoa disse que transportou a suposta propina para minha campanha, em dinheiro, de São Paulo para Curitiba, em quatro viagens. Ele afirmou ainda que entregou a quantia para o empresário Ernesto Kugler, que sempre negou o fato”.

A senadora paranaense por certo está envolta pelo desespero, por isso faz afirmações vazias, mas se Ernesto Kluger admitir que recebeu o dinheiro de propina enviado pelo doleiro Alberto Youssef, o outrora “casal 20” passará alguns anos atrás das grades.

Em outro trecho da nota, Gleisi Hoffmann tenta provar sua inocência desqualificando os depoimentos dos delatores da Lava-Jato. “São inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram. Tenho certeza que a verdade prevalecerá”, escreveu.

É preciso destacar que a situação da senadora, no caso específico, não é das mais confortáveis, uma vez que a decisão da Segunda Turma do STF foi por unanimidade, ou seja, os cinco ministros do colegiado votaram favoravelmente à aceitação da denúncia. Isso significa que, quando o processo for para julgamento em plenário, pelo menos cinco votarão contra a petista. O que permite concluir que é a grande a chance de condenação.

apoio_04