Senadores abusam do “non sense” e tornam vaquejada patrimônio cultural; prática continua proibida

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O que muitos consideram costume regional, não passa de desejo deliberado de maltratar os animais. Esse entendimento encaixa-se na vaquejada, que foi declarada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas que o Senado, de forma covarde, transformou em patrimônio e manifestação cultural. A proposta aprovada pelos senadores contempla da mesma maneira os rodeios.

A aprovação da proposta não significa que a prática da vaquejada está liberada no País. Para tal, seria preciso a aprovação de uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) que transformasse a vaquejada em prática esportiva. Essa possibilidade chegou a ser discutida na Câmara dos Deputados, mas o tema foi alvo de muitos questionamentos.

O texto que dá à vaquejada o status de patrimônio e manifestação cultural, de autoria do deputado federal Capitão Augusto (PR-SP), foi apresentado em 2015 e aprovado na Câmara em maio passado. No início de outubro, o Supremo julgou ação movida pela Procuradoria-geral da República (PGR) e proibiu as vaquejadas.

A proposta, que incensa um ato de covardia contra os animais, seguirá para sanção do presidente Michel Temer. O texto foi a votação no plenário do Senado em regime de urgência, após aprovação de requerimento, na manhã desta terça, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Como se o Brasil não tivesse assuntos mais sérios para serem discutidos e aprovados com celeridade no Congresso.

Presidente nacional do Democratas, o senador José Agripino Maia (RN) comemorou a aprovação da matéria. Na opini~so do senador potiguar oferecerá um contraponto à decisão do Supremo. “Esse projeto oferecerá, sem dúvida, um contraponto para o STF em seu raciocínio. Os juízes da Suprema Corte terão de levar em consideração a decisão do Congresso Nacional uma vez que a vaquejada é uma tradição que pertence não somente ao Nordeste como ao Brasil”, enfatizou Agripino.


Sobre as alegações de que os animais sofrem maus tratos, o que é fato incontestável, José Agripino destacou que todos os procedimentos em prol da proteção do boi e do cavalo já são praticados.

“É claro que é preciso corrigir o que está errado, mas isso já tem sido feito há muito tempo: veterinários fazem plantão; o metal não tem contato com o cavalo nem com o boi; o rabo artificial já existe. Ou seja, todos os cuidados estão sendo tomados para que o animal seja protegido”, destacou.

“Esse esporte, além de promover o entretenimento, é um grande gerador de empregos para milhares de famílias”, afirmou o presidente nacional do DEM.

Na última terça-feira (25), mais de 5 mil vaqueiros reuniram-se em Brasília para promover um ato em favor da vaquejada. Os vaqueiros rebatem as acusações de que a prática da vaquejada proporciona maus tratos aos animais.

Os manifestantes fizeram apresentações no gramado que divide a Esplanada dos Ministérios. A mobilização foi organizada pela Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) e pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM).

Apesar de todas as provas e evidências de que os animais submetidos à prática da vaquejada sofrem maus tratos, ainda há quem afirme que o homem é um ser racional. Enfim…

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