Nunca antes na história dos Estados Unidos uma campanha eleitoral foi tão polarizada e com tantas acusações de parte a parte. É fato que em jogo está a presidência da maior potência planetária, mas a rivalidade entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump ultrapassou com folga os limites do aceitável, as fronteiras do bom senso.
Com seguidas e alternadas oscilações nas pesquisas, Hillary e Trump viram escapar, por diversas vezes, a oportunidade de liderar a corrida rumo à Casa Branca. Isso porque declarações machistas e racistas de Donald Trump fizeram contraponto ao caso dos e-mails de Hillary Clinton e às polêmicas envolvendo seus assessores e partidários.
Muitos afirmam que Hillary é a versão norte-americana de Dilma Rousseff, mas a candidata democrata está longe de ser um arquétipo da petista. A senhora Clinton não é um monumento à competência, mas compará-la à ex-presidente brasileira é exagero. Há no Brasil uma onda direitista que insiste em resolver as questões à base do pé de cabra, como se violência e intolerância fizessem a melhor receita.
Donald Trump, por sua vez, faz sombra a Luiz Inácio da Silva, pois ambos são populistas baratos, bufões incorrigíveis. Têm na cartola falsas receitas para os problemas do universo, quando na verdade são gazeteiros profissionais, cada um ao seu modo, que creem poder enganar toda gente durante todo o tempo. O que é impossível.
Trump é de tal forma inconsequente e grotesco, que conseguiu a proeza de transformar Hillary em alguém muito maior do que ela de fato é. Trump é um autêntico estabanado, enquanto Hillary é uma figura treinada politicamente que não convence. Mesmo assim, a candidata democrata chega ao dia principal da eleição com ligeira e frágil vantagem sobre o adversário.
Como nos Estados Unidos é possível votar antecipadamente, Hillary Clinton tem mais chances de sair vencedora da complexa e burocrática eleição norte-americana. Isso porque o “vai e vem” que marcou o caso dos e-mails de Hillary aconteceu quando muitos ianques já tinham ido às urnas.
Independentemente de quem vença a disputa pelo direito de ocupar a Casa Branca, os Estados Unidos, pela importância que têm no cenário internacional, mereciam um governante melhor e mais preparado. O futuro, como sempre, é incerto, mas que o sucessor de Barack Obama consiga fazer jus ao cargo e manter a coerência. Até porque, de bizarrices o planeta está repleto.