França: derrota da centro-direita antecipa fim da carreira política do ex-presidente Nicolas Sarkozy

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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy reconheceu neste domingo (20) sua derrota no primeiro turno das primárias da centro-direita e anunciou a sua retirada definitiva da vida política. Terceiro colocado, ele prometeu apoiar no segundo turno o seu antigo primeiro-ministro François Fillon, que se torna assim o favorito a disputar o cargo entre abril e maio do próximo ano.

“Chegou a hora, para mim, de levar uma vida com mais paixão privada e menos paixão pública”, declarou Sarkozy em breve discurso após a divulgação do resultado da votação. Sarkozy fez também um apelo a seus eleitores: “Nunca sigam o caminho dos extremos”, disse, numa clara alusão ao partido populista de direita Frente Nacional, de Marine Le Pen.

Sarkozy deixou ainda uma mensagem emotiva: “Boa sorte à França, boa sorte a vocês, meus queridos compatriotas. Estejam certos de que francês eu sou, francês continuarei e tudo o que de perto ou de longe afetar a França, vai me tocar profundamente”, disse.

Adorado por uns e detestado por outros, Sarkozy, de 61 anos, governou entre 2007 e 2012 e nunca fez qualquer tentativa de recuperar o poder. Durante a campanha, apresentava-se como a voz “da maioria silenciosa” contra as elites.

“Eu sou assim, a gente não muda. Não tenho rancores ou tristezas e desejo o melhor para meu país e para vocês, meus queridos compatriotas”, afirmou. “E para quem vier a governar este país que eu amo tanto, a direita deixou uma boa imagem e eu tive a honra de participar deste combate. Adeus a todos.”


Resultado

Com 20% dos votos no primeiro turno da votação para definir o candidato conservador, Sarkozy perdeu para Alain Juppé (28,6%) e François Fillon (44%), ficando assim fora da corrida eleitoral em 2017.

Para o segundo turno das primárias conservadoras entre Fillon e Juppé, Sarkozy afirmou que dará seu voto para o primeiro. “Tenho muita estima por Alain Juppé, mas as escolhas políticas de François Fillon me são mais próximas”, explicou Sarkozy, numa referência ao plano econômico e conservador e às questões sociais defendidas pelo seu antigo chefe de governo.

As primárias da oposição francesa, etapa-chave para as presidenciais de 2017, começaram oficialmente no dia 21 de setembro com a confirmação de sete candidatos, entre os quais eram favoritos Nicolas Sarkozy, o ex-primeiro-ministro Alain Juppé e o também antigo chefe de governo François Fillon. Elas foram anunciadas como dirigidas a todos os que se reconhecem nos “valores da direita e do centro”, militantes ou não.

Votaram nas eleições de domingo cerca de quatro milhões de eleitores.

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