Um raro poema escrito à mão por Anne Frank foi vendido por 140 mil euros (cerca de 500 mil reais) em leilão realizado na última quarta-feira (23) na cidade de Haarlem, na Holanda. A casa de leilões Bubb Kuyper, especializada em livros, manuscritos, mapas e ilustrações, havia avaliado a venda entre 30 mil e 50 mil euros, muito menos do que acabou sendo oferecido.
“Estou agradavelmente surpreso”, afirmou Thijs Blankevoort, codiretor da casa de leilões, à agência AFP. Ao jornal holandês “De Volkskrant”, ele disse que as obras literárias de Anne Frank são poucas e que, desde a morte da jovem, apenas “quatro ou cinco” manuscritos foram vendidos.
De acordo com Blankevoort, a garota judia escreveu o poema aos 12 anos de idade, no dia 28 de março de 1942, poucos meses antes de ela e sua família terem de se esconder das tropas alemãs nazistas que ocuparam Amsterdã. O manuscrito constava do álbum de poesias de uma amiga.
Com oito linhas, o poema foi dedicado a “Cri-Cri”. Esse era o apelido de Christiane van Maarsen, que morreu em 2006 e era irmã mais velha de Jacqueline, melhor amiga de Anne Frank.
“Minha irmã arrancou essa página de seu álbum e me deu por volta de 1970. Eu sei que minha irmã não era tão apegada ao poema que Anne escreveu para ela tanto quanto eu sou ao poema que Anne escreveu para mim”, contou Jacqueline van Maarsen em nota publicada no site da Bubb Kuyper.
As primeiras quatro linhas do poema provêm de uma revista de 1938. Para os quatro versos restantes não foram identificadas fontes. “Provavelmente foram escritos pela própria Anne Frank”, afirmou o codiretor da casa de leilões. O manuscrito é assinado com a frase “em lembrança de Anne Frank”.
A jovem e sua família, composta ainda pelo pai, Otto, a mãe, Edith, e a irmã, Margot, emigraram da Alemanha para a Holanda em 1934. A partir de julho de 1942, eles passaram a se esconder dos nazistas num compartimento secreto de um prédio em Amsterdã, onde ela escreveu o famoso diário. Dois anos mais tarde, foram denunciados e deportados para campos de concentração nazistas.
Anne Frank morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen no início de 1945, aos 15 anos de idade. Da família, Otto foi o único sobrevivente. Logo depois do fim da guerra, ele recebeu todos os escritos da filha, que incluíam o diário de capa dura, propriamente dito, um caderno e diversas folhas soltas. O diário foi lançado pela primeira vez na Europa em 1950, poucos anos depois do fim da guerra. (Com agências internacionais)