Anistia ao caixa 2 caiu por causa da pressão popular e da ação de alguns setores da imprensa

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O Brasil vive um momento sui generis, o qual, ao que parece, não terminará tão cedo. Esse impasse é decorrente de jornalistas que creem saber tudo e de autoridades que têm certeza de que podem tudo. Na realidade, nem uma categoria pode dar lições dos mais variados assuntos, nem outra pode determinar que as leis sejam cumpridas da maneira que convém. O povo brasileiro transformou-se em nação no momento em que aceitou existir de forma organizada e debaixo de um conjunto legal. O que não dá direito a outrem de sair destilando arrogância e suposta sapiência.

Enquanto alguns jornalistas insistem em afirmar que em momento algum existiu por parte dos parlamentares federais a intenção de anistiar o caixa 2, a manobra rasteira só foi interrompida por causa da pressão popular e pela atuação de setores da imprensa nacional, os quais não descansaram diante da tentativa malandra dos políticos que sonham em escapar da Operação Lava-Jato.

Se por um lado o projeto bandoleiro para anistiar o caixa 2 existia de fato, ao contrário do que afirmavam – e ainda afirmam – alguns “saberetas” de plantão, por outro o Ministério Público não tinha o direito de tratar o assunto com truculência verbal, como fizeram alguns procuradores que se acostumaram com os holofotes.

De chofre é importante salientar que o Brasil tem leis de sobra para combater a corrupção, o que significa que o projeto apresentado pelo MP é desnecessário e fruto de vedetismo explícito. Mesmo assim, o conjunto de medidas cumpriu etapas na Câmara dos Deputados apenas porque os políticos já esculpiam um golpe nos bastidores do poder.


A pressão popular e o papel preponderante da imprensa, em especial dos veículos midiáticos alternativos que se dedicam ao bom jornalismo, obrigou o presidente da República, Michel Temer, a afirmar que a eventual aprovação da anistia ao caixa 2 seria vetada por ele. Temer fez essa afirmação na manhã de domingo (27), ao lado dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Rodrigo Maia e Renan Calheiros, respectivamente.

Não importa que Michel Temer fez tal declaração como forma de estancar a rápida e fermentada crise que surgiu a partir do agora ex-ministro Geddel Vieira Lima. O que não se pode aceitar é alguns profissionais de imprensa exercerem o ofício como se estivessem no planetário da esquina, assim como é reprovável o espetáculo pirotécnico protagonizado pelo Ministério Público.

Esse “bom mocismo” dos procuradores da República não deve ser confundido como um ato heroico, pois os mesmo são servidores públicos e estão a cumprir o estrito dever funcional. Ademais. Não se pode esquecer que até 2009 os procuradores da República davam de ombros para as denúncias sobre o esquema de corrupção que hoje é conhecido como Petrolão. Encaravam as denúncias como se fossem devaneios de pessoas que não participaram da divisão do butim, quando na verdade a situação era outra.

De tal modo, ninguém tem moral para reivindicar a paternidade do combate à corrupção ou, então, o título de “sabedor supremo de todas as coisas”. Esse tipo de gente tem aos bolhões Brasil afora, ao passo que a população já não mais suporta os falsos salvadores da humanidade.

Por outro lado, os parlamentares que estão a assistir o desmonte do golpe começam a ameaçar, de forma sorrateira, os profissionais de imprensa que denunciaram o esquema que poderia anistiar alguns punhados de bandidos da Lava-Jato. Se toa a imprensa tem munição contra esses detratores não se sabe, mas aqui no UCHO.INFO o paiol está cheio até o teto. Basta abrir a porta do barracão.

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