Crise política: Michel Temer rasga os discursos passados e diz que o Brasil “não tem instituições sólidas”

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Os efeitos colaterais da crise política que eclodiu no rastro do “Geddelgate” começam a comprometer a lógica discursiva do presidente da República, Michel Temer. Depois da demissão de Geddel Vieira Lima, o presidente ficou só no olho do furacão. E isso tem levado Temer a adotar discursos não coerentes e que destoam de declarações anteriores.

Nesta segunda-feira (28), em evento com empresários, na capital federal, Michel Temer disse que o Brasil “não tem instituições muito sólidas” e, por isso, qualquer “fatozinho” consegue comprometê-las.

Visivelmente atordoado com os desdobramentos da crise política, Michel Temer mostrou aos convivas que é desprovido de boa memória e disparou: “Os senhores imaginam o capital estrangeiro como está ansioso para aplicar no Brasil? Os senhores sabem melhor do que eu, mas é interessante que de vez em quando há uma certa instabilidade institucional, não é? Um fato ou outro. Como nós não temos instituições muito sólidas, qualquer fatozinho – me permita a expressão –, ela abala as instituições. Então, o investidor fica um pouco assustado, seja o investidor nacional e muito maiormente o investidor estrangeiro. Mas, essas instabilidades são passageiras e elas não podem ser levadas a sério porque levado a sério tem que ser o país”, afirmou durante o evento Projeto Brasil Futuro.

Pelo que se sabe, foi a solidez das instituições que garantiu o impeachment de Dilma Rousseff, agora ex-presidente, e a posse de Michel Temer na Presidência da República. Se a crise política está afetando o seu raciocínio e impactando a concatenação das ideias, o melhor é Michel tirar férias ou pedir para sair.

O escândalo envolvendo Geddel não é um “fatozinho”, mas as instituições brasileiras continuam sólidas. A questão é que no Brasil o banditismo político prolifera como erva daninha no pasto, por isso o País encontra-se na mais grave e múltipla crise de sua história. Com bandidos escondidos atrás de um mandato eletivo ou de uma indicação a cargo de confiança, o Brasil está à deriva. E não tão cedo sairá desse quadro de penúria.


Logo após deixar a interinidade e ser confirmado no cargo de presidente da República, Michel Temer embarcou no avião presidencial e nos locais que visitou disse aos empresários que as instabilidades do País eram “passageiras” e não deveria ser “levadas a sério”. Esse discurso, repetido várias vezes e de formas semelhantes, serviu para incentivar o investidor estrangeiro a despejar recursos no Brasil.

Em uma das viagens internacionais, Temer disse que as instituições brasileiras são “sólidas” e “funcionando regularmente”, que a estabilidade política era “extraordinária” e que a economia exibe “enorme potencial de desenvolvimento”.

Em setembro, em Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU, Temer não pensou duas vezes para afirmar que o Brasil vive um momento de estabilidade política “extraordinária”, após período de “brevíssima instabilidade” – referência ao processo de impeachment de Dilma Rousseff.

“No Brasil, agora, temos uma estabilidade política extraordinária, por causa da relação do Executivo com o Legislativo, o que dá uma segurança jurídica. Lá no Brasil, o que for acordado, será cumprido”, declarou, em Nova York.

O governo de Michel Temer é mais do mesmo, para a infelicidade dos brasileiros de bem, que precisam voltar às ruas. Em nenhum momento, durante o processo de impeachment, o UCHO.INFO afirmou que Michel Temer era a solução definitiva para os problemas nacionais. Afirmou, sim, que a chegada de Temer ao principal gabinete do Palácio do Planalto era legítima e tinha amparo na Constituição e nas leis. E que era preciso torcer para que o peemedebista conseguisse levar o País, em condições mínimas, até 2018.

Pelo desenrolar dos fatos, Michel Temer terá dificuldades para chegar até lá. Afinal, o governo foi loteado e está repleto de pessoas com más intenções, a exemplo do que ocorria na era petista. É preciso cobrar diuturnamente as autoridades para que a governança respeite as regras da ética e da moralidade, pois do contrário o Brasil irá pelos ares.

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