Tragédia da Chapecoense: governo da Bolívia vê indícios de tráfico de influência na LaMia

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O ministro de Obras Públicas da Bolívia, Milton Claros, afirmou, no domingo (4), que o governo encontrou indícios de irregularidades e tráfico de influência na fiscalização à companhia aérea LaMia e ao voo da Chapecoense, que caiu na Colômbia e deixou 71 mortos.

“Encontramos indícios de possíveis descumprimentos de deveres, descumprimento de controle interno e, possivelmente, uso indevido de influências”, disse o ministro em entrevista ao canal de televisão estatal.

As suspeitas baseiam-se na relação de parentesco entre um ex-diretor da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC) e o diretor-geral da LaMia, Gustavo Vargas Villegas e Gustavo Vargas Gamboa, filho e pai. Villegas, que já deixou o cargo, era diretor do registro nacional da DGAC e, portanto, responsável por conceder licenças de voo às empresas aéreas.

Claros lembrou que o Ministério de Obras Públicas – encarregado do transporte aéreo – investiga a regularidade do processo pelo qual a LaMia obteve sua licença de voo e também a autorização do plano de voo do avião acidentado.

As autoridades definiram prazo de dez dias para a conclusão da investigação, mas pode demorar muito mais. O Ministério abriu um processo contra a companhia aérea e alguns funcionários, afirmou Milton Claros.


Na opinião do ministro, o comportamento de alguns funcionários da DGAC e da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (AASANA) requer punições drásticas. “É um tema penal. Infelizmente mais de 70 pessoas foram sacrificadas por uma inação, uma irresponsabilidade ao cumprimento da legislação.”

O avião da LaMia que levava a equipe da Chapecoense, dirigentes do clube, jornalistas e convidados, caiu na madrugada da última terça-feira (29), a poucos quilômetros do aeroporto de Medellín. A equipe catarinense viajava à cidade colombiana para disputar a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

Após a Aeronáutica colombiana confirmar que o avião da LaMia estava sem combustível no momento da queda, o que é óbvio porque não houve explosão, a Aeronáutica Civil da Bolívia suspendeu a licença de voo da LaMia, algo que deveria ter ocorrido muito antes, caso sejam verdadeiras as informações de que o piloto estava acostumado a adotar procedimentos pouco recomendáveis em termos de aviação.

A postura do governo boliviano, de antecipar-se diante dos fatos e promover demissões, deve-se à possibilidade cada vez maior de ser responsabilizado diretamente pela tragédia e ter de arcar com indenizações milionárias. (Com agências internacionais)

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