União Europeia respira aliviada após derrota da extrema direita na Áustria

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O populismo de direita sofreu uma clara e inesperada derrota na eleição presidencial austríaca, realizada no domingo (4). O ambientalista Alexander van der Bellen venceu a repetição do segundo turno com 53,3% dos votos, contra 46,7% do rival do Partido da Liberdade (FPÖ), anti-imigração e eurocético, Norbert Hofer, de acordo prognósticos. A contagem dos 700 mil votos por cartas, a ser realizada nesta segunda-feira (5), não pode mais mudar o resultado.

Van der Bellen, de 72 anos, foi líder do Partido Verde, mas disputou o pleito como candidato independente. Ao contrário de Hofer, o ambientalista é um grande defensor da União Europeia (UE) e sua vitória rendeu manifestações de alívio pelo ao redor do bloco econômico. Após a recente eleição do populista de direita Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o pleito austríaco era aguardado com doses extras de apreensão.

Na vizinha Alemanha, o vice-chanceler federal Sigmar Gabriel classificou o resultado nas urnas de “vitória da razão”. “Um peso foi tirado de toda a Europa”, disse. O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, ressaltou a derrota de Hofer como “um bom sinal contra o populismo na Europa”.

O presidente francês, François Hollande, afirmou que “o povo austríaco optou pela Europa e pela abertura”. “O populismo não é o destino da Europa”, completou o primeiro-ministro Manuel Valls.

“Num momento em que enfrentamos muitos desafios difíceis, a contribuição construtiva da Áustria à busca de soluções europeias comuns e à manutenção de nossa unidade europeia continuará sendo essencial”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em comunicado.

Para Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, o êxito de Van der Bellen nas urnas representa “uma forte derrota para o nacionalismo e para o populismo antieuropeu e retrógrado”. O candidato venceu com uma clara mensagem pró-europeia, disse Schulz.


Áustria pró-Europa

O próprio Van der Bellen definiu sua eleição para presidente como um voto a favor do curso pró-europeu de seu país. “Desde o início briguei e argumentei por uma Áustria pró-Europa”, afirmou após a divulgação dos prognósticos. Segundo ele, tal curso inclui valores como liberdade, igualdade e solidariedade.

Hofer, por sua vez, colocou o resultado do referendo no Reino Unido de junho deste ano – no qual o país decidiu pelo Brexit (saída da União Europeia) – no centro de sua campanha, afirmando que a extrema direita conduziria a Áustria pelo mesmo caminho. O candidato do FPÖ, que buscava se tornar o primeiro chefe de Estado de extrema direita eleito livremente na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, reconheceu a derrota neste domingo.

A líder do partido de extrema direita francês Frente Nacional , Marine Le Pen, parabenizou Hofer e sua legenda pela campanha à presidência: “Parabéns ao FPÖ, que lutou valentemente. A próxima eleição legislativa mostrará a vitória dele.’

O pleito do domingo foi a terceira votação para a escolha do chefe de Estado austríaco. No dia 22 de maio, Van der Bellen havia vencido o segundo turno com vantagem apertada, de cerca de 30 mil votos. No entanto, a votação foi anulada após queixas da FPÖ, devido a supostas irregularidades. (Com agências internacionais)

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