O Parlamento da Coreia do Sul aprovou, nesta sexta-feira (9), a destituição da presidente Park Geun-hye, envolvida em grave escândalo de fraude e tráfico de influência. A responsabilidade agora está com o Tribunal Constitucional. Em até 180 dias, pelo menos seis de seus nove juízes precisam referendar a decisão do Congresso sul-coreano.
A moção de destituição, apresentada na véspera pela oposição, foi aprovada de forma anônima com 234 votos a favor, 56 contra, sete nulos e duas abstenções. O resultado revela que o impeachment ganhou o apoio de dezenas dos correligionários de Park. Para aprová-lo eram necessários 200 votos, ou dois terços dos deputados da Casa legislativa.
O cargo da presidente fica agora nas mãos do primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn, até a decisão do Tribunal Constitucional. Caso o impeachment seja confirmado, o país terá prazo de 60 dias para realizar nova eleição presidencial.
A transferência do poder levou o premiê a ordenar o ministro da Defesa sul-coreano a colocar os militares em estado de alerta para qualquer eventual provocação da Coreia do Norte. Até o momento não foi registrado nenhum incidente.
Park, 64 anos e a primeira mulher a ocupar a Presidência da Coreia do Sul, é acusada de conluio com um amiga íntima e dois ex-assessores suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares a duas fundações criadas para apoiar suas iniciativas políticas. A presidente, cujo mandato de cinco anos termina em fevereiro de 2018, nega o delito, mas pediu desculpas por negligenciar seus laços com a amiga, Choi Soon-sil.
O escândalo, que ficou conhecido como “Choi Soon-sil Gate”, reduziu a taxa de aprovação da presidente para 4%, o menor índice já alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.
Park tem sofrido grande pressão para deixar o cargo. Há seis semanas que, todos os sábados, são convocadas manifestações na capital, Seul, onde dezenas de milhares têm pedido o impeachment da presidente.
As pesquisas de opinião também confiram o apoio da população à destituição de Park. Uma sondagem divulgada na quinta-feira indicou que 78% dos entrevistados querem o impeachment. (Com agências internacionais)