Nada pode ser mais nauseante do que assistir à esquerda raivosa dar lições de moral à sombra da Proposta de Emenda Constitucional 55 (originalmente PEC 241), também conhecida como PEC do Teto de Gastos. Enquanto esteve no poder ao longo de treze anos e alguns meses, a esquerda não apenas saqueou o Estado no vácuo de escândalos de corrupção, mas arruinou a economia nacional com medidas tão populistas quanto inconsequentes. O desastre foi tamanho, que a então presidente Dilma Rousseff foi obrigada a maquiar a contabilidade, enganando a população, e a incorrer em crimes de responsabilidade, as quais lhe ceifaram o próprio cargo.
Nesta terça-feira (13), no plenário do Senado, quando a Casa vota em segundo turno a proposta que fixa um teto para as despesas primárias do governo federal, integrantes da oposição agarram-se a pesquisa do Datafolha para tentar convencer seus pares a adiar a votação da matéria para fevereiro, como se até lá algum milagre pudesse acontecer na economia. Como se não bastasse, referem-se a estudo da ONU que afirma ser a PEC 55 o pontapé de um desastre, inclusive com reflexos globais.
Se de fato há um desastre no cenário verde-louro, este por certo tem a digital do Partido dos Trabalhadores e de seus puxadinhos, que levaram a economia do País à débâcle em nome de uma ideologia ultrapassada e obtusa. É importante destacar que o Brasil não sairá do atoleiro da crise se esforços não forem feitos pelo Estado e pela sociedade. Até porque, durante mais de uma década os brasileiros, mesmo a maioria discordasse do jeito petista de governar, dormiram em berço esplêndido, enquanto nadavam nas ondas do consumismo irresponsável.
A questão envolvendo a crise econômica e a possível solução é meramente aritmética. Não há recursos suficientes para levar o Brasil, no modelo atual, muito longe. Ou o brasileiro compreende que é preciso algum tipo de sacrifício, ou deixa o País arrebentar-se mais adiante. Não há como resolver de outra maneira, principalmente seguindo a receita da oposição delinquente que aposta na tese do “quanto pior, melhor” para tentar ressurgir na cena política. Aliás, foi dessa maneira que surgiu a delinquência esquerdista no Brasil.
O problema maior está não apenas no esforço que cada brasileiro terá de fazer, o que é inevitável, mas na responsabilidade dos cidadãos de cobrar do Estado o uso racional do dinheiro público e o combate contínuo à corrupção. Para se ter ideia da extensão do estrago, o montante de recursos desviados na esteira do Petrolão, maior esquema de corrupção de todos os tempos, ultrapassa com folga a marca de R$ 60 bilhões. Alguém há de afirmar que trata-se de superestimativa do UCHO.INFO, mas ao final esse número será confirmado.
Voltando à PEC do Teto de Gastos, não há mágica que consiga resolver o impasse econômico em que o País se encontra. Neste momento o brasileiro precisa mudar o pensamento em relação ao Estado, deixando de lado a falsa ideia de que este é um ubre repleto de leite em que todos chegam para sugá-lo. Há muito a fazer a partir de agora, começando pela vigilância constante em relação à política e aos políticos. Quando este noticioso alertava para essa necessidade, muitos alegavam que o movimento era persecutório.
Como afirmamos, não há varinha de condão no almoxarife do cotidiano para mudar o status quo da noite para o dia. A pesquisa Datafolha, claramente tendenciosa, tenta mostrar que a PEC em questão é para atender os mais ricos, quando todos, sem exceção, estão de braços dados na vala do caos. De nada adianta o brasileiro dizer que o Estado e os governantes devem encontrar uma saída, sem que exista o comprometimento de cada.
A dificuldade está no fato de que ninguém quer fazer qualquer sacrifício, ninguém quer pensar no amanhã, apenas no agora. Dessa forma o Brasil tende a implodir economicamente, experiência que a extensa maioria da população sequer imagina o que é. Se tudo o que está sendo proposto é uma enorme sandice, que os descontentes apresentem uma solução.
A esquerda promove sua conhecida gritaria porque o cenário atual é favorável aos que destruíram a economia, levando a inflação a patamares absurdos, colocando o desemprego nas alturas, achatando o consumo, derretendo o poder de compra dos salários, turbinando o endividamento das famílias e mandando pelos ares a inadimplência. Promover o ajuste fiscal é a senha para o retorno dos investimentos privados, já que o Estado não tem como assumir esse compromisso em sua plenitude.
A PEC 55 poderá, dentro de alguns anos, ter sua redação alterada por outra proposta similar, não obrigatoriamente ao final dos sugeridos vinte anos, desde que a lição de casa seja feita e as contas do País recuperem a normalidade, mesmo em que em doses mínimas. Do contrário, a melhor saída é o aeroporto mais próximo.