No mesmo dia em que a defesa de Lula adotou a gritaria como única forma de tentar provar a inocência do petista no escândalo do triplex em Guarujá, no litoral paulista, a Polícia Federal indiciou, nesta segunda-feira (12), o ex-presidente por corrupção passiva. O indiciamento deu-se nos casos da compra de um terreno seria utilizado para a construção do Instituto Lula e no do aluguel de do apartamento localizado em frente ao que mora Lula.
Além do ex-presidente, foram indiciados a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-ministro Antonio Palocci Filho e outras quatro pessoas (Glaucos da Costamarques, Demerval de Souza Gusmão Filho, Roberto Teixeira e Branislav Kontic) por lavagem de dinheiro. Segundo a PF, ambos os casos, unificados pelo delegado federal Márcio Adriano Anselmo, referem-se a recebimento de propina paga pela empreiteira Odebrecht.
De acordo com as investigações da força-tarefa da Operação Lava-Jato, Palocci atuava como distribuidor da propina da Odebrecht ao Partido dos Trabalhadores (PT). A PF afirma que o ex-ministro valia-se da influência política para atuar em favor dos interesses da empreiteira junto ao governo federal.
Lula, segundo os investigadores, foi um dos beneficiários da propina paga pela empreiteira baiana. Parte foi destinada à compra do terreno abrigaria a nova sede do Instituto Lula, adquirido por meio da DAG Construções. A PF ressalta que a empresa atuava como um preposto da Odebrecht. A DAG Construções, de propriedade do empresário a Demerval Gusmão, amigo e parceiro de negócios de Marcelo Odebrecht. Apesar da compra do mencionado terreno, a construção da nova sede do instituto não saiu do papel.
O delegado responsável pelo indiciamento afirmou que deixou de indiciar Marcelo Odebrecht porque o mesmo já responde por corrupção ativa, crime que lhe poderia ser imputado novamente. Da mesma forma, a Polícia Federal também decidiu deixar de fora do indiciamento o pecuarista José Carlos Bumlai, por falta de “novos elementos que amparassem a participação do mesmo nos fatos”.
Como sempre, os investigados alegraram inocência, como se as investigações fossem um mero processo persecutório, tese absurda que Lula e seus advogados insistem em defender. A assessoria de imprensa do Instituto Lula informou que o petista aluga o apartamento vizinho ao seu e que tem os recibos de pagamento da locação. Também informou que o instituto funciona no mesmo local há anos e que jamais foi dono do terreno em questão.
A defesa de Lula, que tenta defender o petista com teorias conspiratórias, afirmou que a aquisição do terreno onde seria edificado o Instituto Lula é “delírio acusatório” “Nós apelidamos de transação imobiliária Manoel Bandeira, o nosso poeta. Uma transação que teria sido feita, mas que nunca foi. Portanto, estamos orbitando na esfera da ficção”, afirmaram os advogados.
A defesa de Antonio Palocci e Branislav Kontic diz que nada foi apurado a ponto de incriminá-los no primeiro processo a que ambos respondem. “Então, este artifício acusatório não pode ser levado a sério, porque ambos nada têm a ver com o Instituto Lula, terrenos ou locação de apartamentos em São Bernardo do Campo”. Os advogados também reclamaram da atuação da PF. “Até quando teremos de aguentar essas manobras da acusação, que não encontram na língua portuguesa um adjetivo qualificativo que lhes faça justiça?”.