Na política brasileira inexistem coincidências, assim como há um sem fim de alarifes profissionais. Quando começou a desenhar sua equipe de governo, o presidente Michel Temer (PMDB) sabia do envolvimento dos futuros colaboradores em casos de corrupção. Mesmo assim, Temer afirmou que montaria uma equipe de notáveis, mas só não explicou em qual setor era a expertise dos colaboradores.
Conhecedor dos meandros da Operação Lava-Jato e sabendo que muitos dos futuros ministros não durariam muito nos respectivos cargos, Michel Temer avançou em seu projeto porque precisava não apenas ter confirmado no Senado o impeachment da antecessora, mas aprovar medidas econômicas para tentar tirar o Brasil do atoleiro da crise.
Com seguidas baixas na equipe de governo, algumas por denúncias de corrupção e outras por desentendimentos entre ministros, Temer poderá perder em breve um dos integrantes do chamado núcleo duro do governo. Trata-se do também peemedebista Wellington Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro e atual secretário-executivo do Programa de parcerias de Investimentos (PPI).
Citado na delação premiada de Cláudio Melo Filho, diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Moreira Franco estaria com carta de demissão pronta, mas que ainda não foi entregue ao presidente da República. De acordo com um informante que pediu anonimato, o pedido de demissão seria para não prejudicar o governo, que passa por intensa turbulência política.
Na proposta de acordo de colaboração premiada, Melo Filho acusa o secretário-executivo do PPI de ter recebido propina, enquanto ministro da Aviação Civil no governo Dilma, para favorecer a empreiteira baiana.
Informações palacianas dão conta que Moreira Franco tem externado tristeza e abatimento por causa de detalhes das delações vazados à imprensa, o que levou a escrever uma carta de demissão para deixar o presidente da República à vontade e não causar maiores desgastes ao governo. Moreira franco estaria tentando evitar as consequências produzidas pelo imbróglio envolvendo Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria de Governo da Presidência.
Questionado sobre sua possível saída do governo, Moreira Franco rechaçou a informação e afirmou, em nota, que continua comprometido com os compromissos assumidos no âmbito da economia do País e do programa de concessões. “Estou dedicado a colaborar no lançamento das medidas microeconômicas e no fortalecimento do programa de concessões. Não abandono lutas quando acredito nelas”, afirmou.