O que deveria ser um final de ano tranquilo para os integrantes do núcleo duro do governo do presidente Michel Temer acabou sendo um momento de preocupação constante. Isso porque recentes matérias do UCHO.INFO sobre o Departamento Nacional de Produção Mineral, o DNPM, acenderam a luz vermelha, no modo piscante, na Casa Civil da Presidência, comandada pelo gaúcho Eliseu Padilha (PMDB).
Ciente do conteúdo das matérias, Padilha, que convocou uma reunião de emergência com integrantes do DNPM um dia antes da Operação Timóteo, da Polícia Federal, chamou ao seu gabinete, para reunião na terça-feira (10), o diretor-geral do órgão, Victor Hugo Bicca, que foi obrigado a interromper as férias para atender à ordem do chefe da Casa Civil.
As reportagens causaram espanto e preocupação no quarto andar do Palácio do Planalto, pois Bicca foi alçado ao posto de diretor-geral do DPNM pelo conterrâneo Eliseu Padilha, o que proporciona ao presidente da República mais um episódio constrangedor.
Bicca, que saiu de férias no período do ano em que chuvas e tempestades varrem boa parte das regiões Sul e Sudeste do País, tem muito a explicar ao padrinho Eliseu Padilha. Como se sabe, chuvas torrenciais de verão causam enormes estragos Brasil afora, mas Victor Bicca não levou em consideração a força da natureza. Assim como não se preocupou com a possibilidade de alguma barragem acabar rompendo no rastro da força das águas celestiais.
Apenas a título de informação, Victor Bicca sequer se importou com a situação da barragem de Candonga, da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, em Minas Gerais, cuja estrutura sofre enorme pressão por conta de 10,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais provenientes da Samarco. Juntamente com a lama, os rejeitos estão sendo retirados do leito do rio e despejados nas margens do mesmo, mas uma chuva mais forte poderá levar o material de volta ao curso fluvial. Se isso acontecer, uma nova tragédia, semelhante à de Mariana, acontecerá em breve.
Como se fosse pouco, Bicca terá de explicar a Eliseu Padilha o caso do terreno na cidade do Rio de Janeiro que acabou nas mãos dos Correios, que erguerá no local um centro de distribuição postal. O imbróglio preocupa o Palácio do Planalto, pois as empresas mineradoras que funcionavam na área foram ignoradas e poderão ingressar na Justiça em busca de indenização. O caso foi tratado à época pelos então ministros Paulo Bernardo da Silva (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia), com as bênçãos da outra presidente Dilma Rousseff.
Contudo, o assunto que mais preocupa os palacianos é o vazamento de informações sobre 22,5 mil áreas prontas para pesquisa mineral. Muitas dessas áreas foram abandonadas por antigos pesquisadores, mas guardam jazidas minerais que representam alguns bilhões de reais. Essa base de dados foi cedida irregularmente à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), também conhecida como Serviço Geológico do Brasil. O presidente da CPRM, Eduardo Ledsham, participou do Mines & Money, em Londres, considerado o maior evento de mineração da Europa, que no final de novembro passado reuniu 3,6 mil participantes, entre os quais dirigentes e executivos de 150 empresas de mineração e investidores de 75 países em busca de novos negócios ao redor do globo.
Ledsham reuniu-se com representantes de companhias mineradoras internacionais e fundos de investimentos interessados em conhecer os projetos da CPRM e detalhes do setor mineral verde-louro. A principal mensagem do presidente CPRM aos investidores é que o “jogo mudou no Brasil” e agora o País parte para o ataque em busca de investimentos para aumentar e diversificar a matriz mineral e incentivar a inovação no setor.