Rússia acusa diplomatas norte-americanos de espionagem

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O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, acusou, nesta terça-feira (17), os Estados Unidos de incorrerem em espionagem contra Moscou. Em coletiva anual de imprensa para apresentar o balanço da diplomacia do país, Lavrov disse que diplomatas norte-americanos na Rússia chegaram inclusive a usar disfarces em algumas ocasiões.

De acordo com o ministro russo, os serviços de informações dos EUA também tentaram cooptar o “número dois” da embaixada russa em Washington. “Tentaram ainda recrutar outro diplomata de alto posto. Colocaram dez mil dólares em seu carro quando ele não estava, com uma oferta de cooperação”, denunciou Lavrov, acrescentando que, durante o governo Barack Obama, sobretudo no segundo mandato, “aumentou a atividade hostil” perante diplomatas russos.

Sergei Lavrov negou, no entanto, que diplomatas americanos sejam espionados na Rússia. “As acusações de que a embaixada dos EUA tenha sido vítima de perseguições durante o governo Obama não têm fundamento. O que houve foi o impedimento de atividades de espionagem de representantes americanos que trabalhavam sob a cobertura diplomática”, disse Lavrov.

O ministro russo afirmou ainda que “agrada muito” aos diplomatas com postos de adidos militares “alugar carros em nosso país, sem placa diplomática, para não serem descobertos” pelas forças de segurança. “Eles também participaram de manifestações da oposição contra o governo, comícios não autorizados, e fizeram isso camuflados”, acusou.


Era Trump

Lavrov se mostrou otimista com o governo do próximo presidente americano, Donald Trump, que deverá tomar posse no dia 20 de janeiro. Durante a coletiva, o ministro russo disse que a Rússia está pronta para dialogar com o novo líder em assuntos desde a guerra síria até o terrorismo internacional.

Em um gesto que sinaliza a nova linha diplomática russa, Lavrov convidou Trump a participar das negociações pela paz na Síria, marcadas para o próximo dia 23 em Astana, capital do Cazaquistão. O encontro foi organizado pela Rússia e pela Turquia, que representam os lados opostos do conflito, e visa “consolidar” o atual cessar-fogo.

Na pauta para 2017, também estão negociações referentes a arsenais nucleares, armas hipersônicas, defesa de mísseis e armamento do espaço, entre outras questões. A nova agenda é divulgada após Trump ter mencionado que considera retirar as sanções contra a Rússia caso o país aceitar cortes em armas nucleares. (Com agências internacionais)

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