Temer decide adiar indicação de substituto de Teori, mas advogada-geral da União pode ser a escolhida

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Para quem acreditou que a Operação Lava-Jato sofreria um revés com a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, o presidente da República deu clara demonstração de cautela. Michel Temer, que já analisa possíveis nomes para substituir Zavascki, preferiu esperar a escolha do novo relator dos processos decorrentes da Lava-Jato, no STF, para então indicar o nome do eventual futuro ministro da Corte.

A decisão está coberta de bom senso, pois uma indicação açodada poderia sinalizar disposição de atrapalhar as investigações e os processos resultantes do maior esquema de corrupção da história da Humanidade, o Petrolão.

Como afirmou o UCHO.INFO na quinta-feira (19), a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, valendo-se do que determina o Regimento Interno da Corte, sorteará o novo relator da Lava-Jato entre os integrantes da 2ª Turma, das qual fazia parte Teori Zavascki. Integram a 2ª Turma os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski. Tomando por base que Mendes e Lewandowski vivem às turras e que Dias Toffoli é pouco experiente para missão de tanta responsabilidade, não causará surpresa se o novo relator for o ministro Celso de Mello.

O presidente Michel Temer vem recebendo sugestões de nomes desde as primeiras horas após a confirmação do ministro Teori Zavascki, mas algumas indicações são tão irresponsáveis quanto esdrúxulas. No primeiro momento surgiram três nomes em destaque – Alexandre de Moraes (ministro da Justiça), Grace Mendonça (Advogada-Geral da União) e Luiz Antonio Guimarães Marrey (ex-procurador-geral do Estado de São Paulo).


Temer reuniu-se nesta sexta-feira, separadamente, com Alexandre de Moraes e Grace Mendonça, mas o conteúdo das conversas não foi revelado. Contudo, o que se sabe é que o STF estava na pauta do encontro. Moraes conta com o apoio do ministro Marco Aurélio Mello, que dependendo da situação pode não ser algo positivo. Além disso, o ministro da Justiça é conhecido por suas seguidas gafes, sem contar as declarações absurdas.

Grace Mendonça tem bom trânsito no Supremo e sua competência profissional é reconhecida por muitos ministros da Corte. Levando-se em conta o fato de que Michel Temer foi muito criticado no início do novo governo por não indicar mulheres para o primeiro escalão, Grace Mendonça é uma forte candidata à vaga no STF.

Guimarães Marrey, que tem larga experiência na seara do Judiciário, corre por fora, mas a eventual indicação do seu nome desidratou com o passar das horas. Marrey é ligado ao ministro José Serra (Relacções Exteriores), o que poderia exigir do procurador a declaração de impedimento caso assumisse a relatoria da Lava-Jato e tivesse de decidir sobre processos envolvendo integrantes do PSDB. Não se trata de duvidar da independência de Guimarães Marrey, mas no âmbito da Justiça é melhor evitar pontos que produzam suspeitas.

Resumindo, Grace Mendonça tem a seu favor o fato de ser excepcionalmente técnica em termos jurídicos, além da sua intimidade no trato com as questões do STF. Por outro lado, Alexandre de Moraes tem como ponto a favor o desgaste que enfrenta na pasta, algo que há muito colocou-o na lista dos possíveis nomes que entrarão na aguardada reforma ministerial.

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