Mercado melhora previsões para a economia, mas desemprego e endividamento manterão a crise

crise_1023

Nas últimas semanas, analistas do mercado financeiro nacional têm previsto melhora da economia brasileira em 2017, mas é importante que a população mantenha a devida cautela, pois o Brasil não deixará o atoleiro da crise com um passe de mágica ou no vácuo de previsões otimistas.

De acordo com a mais recente edição do Boletim Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (23), analistas financeiros projetam nova redução da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 4,80% para 4,71%. Apesar dessa redução, o IPCA está acima do centro da meta fixada pelo governo, que é de 4,5%. Contudo, é importante ressaltar que a inflação real, enfrentada pelos cidadãos no cotidiano, está bem acima da previsão dos economistas.

O mercado financeiro também prevê redução da taxa básica de juro (Selic), em 2017, que recuou de 9,75% ao ano para 9,50%. Essa aposta aponta na direção de um cenário marcado por sucessivos cortes na Selic, que por enquanto e está fixada em 13% ao ano.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas estimam que a economia brasileira registrará, ao final deste ano, crescimento de 0,5% (mesmo índice da semana anterior), ao passo que a equipe econômica do governo federal aposta em avanço do PIB na casa de 1%. No contraponto, alguns profissionais do mercado financeiro trabalham com mais um ano de PIB negativo, ou seja, continuidade da recessão.

apoio_04

Por maior que seja a importância de manter o otimismo em alta, não se pode voltar as costas à realidade. A economia brasileira só retomará a rota do crescimento quando, como tem afirmado o UCHO.INFO, o desemprego perder forças e o endividamento mudar para patamar mais ameno. Tal equação foi confirmada nesta segunda-feira pelo economista Alejandro Werner, diretor para o departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao analisar o cenário econômico da América Latina.

“O Produto Interno Bruto (PIB) continuou a se contrair no terceiro trimestre de 2016 e os indicadores da atividade econômica no fim do ano apontavam para uma demora na recuperação porque os gastos privados continuam fracos”, afirma Werner. A previsão do FMI para o desempenho da economia nacional foi rebaixada na última semana, sendo que a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 é de crescimento na casa de 0,2%, um dos piores desempenhos entre os países emergentes.

Para piorar um quadro que é reconhecidamente ruim, a situação econômico-financeira de muitos estados da federação deve impactar negativamente nos números da economia do País, dificultando ainda mais a retomada do crescimento. Em suma, de nada adianta empurrar a inflação na direção do centro da meta e reduzir a taxa básica de juro, se na outra ponta o crédito ao consumidor continua proibitivo e a disposição de compra por parte do cidadão é extremamente reduzida.