Crise no sistema carcerário e frouxidão do governador do RN ensejam intervenção federal no estado

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É preciso fazer um enorme esforço para acreditar que um político com a inteligência (sic) de Robinson Faria (PSD) tenha sido eleito governador do Rio Grande do Norte. Ao tentar explicar o caos que se instalou no sistema penitenciário potiguar, o governador disse, nesta quinta-feira (26), que a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, está “praticamente sob controle”. Essa declaração é tão verdadeira e confiável quanto um resultado de exame laboratorial que afirma estar uma mulher praticamente grávida.

Robinson Faria, do alto da sua arrebatadora genialidade, alegou que houve erro de planejamento por parte do governo desde o início das rebeliões em Alcaçuz, em 14 de janeiro. Ou seja, 26 presos morrem na esteira de briga entre facções e mais de 50 fogem do presídio, que foi quase que totalmente destruído, e o governador fala em falta de planejamento.

Fosse Robinson Faria um governante ligeiramente competente e corajoso, os assessores que falharam no caso das rebeliões já teriam sido demitidos. Por outro lado, caso o Brasil fosse embalado pela seriedade das autoridades, o Rio Grande do Norte já estaria sob intervenção federal.

“Estamos vencendo etapas. Hoje, temos um quadro muito mais tranquilo. Temos o muro separando as facções para não acontecer uma nova guerra e estamos também cuidando para fortalecer a segurança do lado de fora. São medidas preventivas para que tenhamos tempo de construir três presídios para que, até o final do ano, possamos encerrar de vez a existência de Alcaçuz”.


Diante da declaração do governador potiguar não é errado concluir que a falta de planejamento continua prevalecendo. Até porque, o tal muro, erguido com contêineres, não garante que novos enfrentamentos entre presos rivais deixarão de acontecer. Afinal, a Penitenciária de Alcaçuz foi construída sobre uma duna de areia, o que permite aos presos fazerem túneis para os mais variados fins.

É importante salientar que a Força Nacional de Segurança e a força-tarefa de agentes penitenciários enviadas pelo governo federal não ficarão eternamente no Rio Grande do Norte. Se o governador não sabe como lidar com o problema, que renuncie ao cargo. Contudo, que não tente justificar o que acontece em seus domínios com a tese esfarelada de que as rebeliões em Alcaçuz foram uma retaliação ao que ocorreu em Manaus e Boa Vista.

Aliás, ultrapassa os limites da irresponsabilidade aceitar passivamente que facções criminosas dominam os presídios, enfrentando-se a maior parte do tempo, que a solução do problema está na construção de um muro. A briga entre as facções é fruto de uma contínua disputa pelo tráfico de entorpecentes no Brasil, rota de passagem para o envio de drogas a outros países. Em suma, um negócio ilícito e transnacional que envolve bilhões de dólares atualmente. E nenhum criminoso que se preze quer ficar distante dessa dourada cornucópia.

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