Centenas de diplomatas dos EUA rebelam-se contra veto migratório de Trump, que reage com ameaça

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Os simpatizantes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se preparem, pois a situação do republicano torna-se cada vez mais difícil no âmbito do próprio governo. O que pode fazer com que Trump radicalize suas decisões, como se os EUA fossem o almoxarifado de seu cassino, que no passado (1990) saiu da bancarrota por conta do socorro financeiro prestado por um dos seus atuais secretários, Wilbur Ross (secretário do Comércio).

Depois do irresponsável decreto que suspende a entrada de refugiados e cidadãos de sete países majoritariamente muçulmanos, o número de diplomatas que questionam a decisão de Trump já passa de 900, de acordo com dados do Departamento de Estado. A informação certamente será contestada pelos ultradireitistas, em especial os brasileiros, sob a alegação de que esses diplomatas são comunistas e foram plantados por Barack Obama.

Apesar da pressão exercida pela Casa Branca para que renunciem, os servidores, que cuidam da política externa dos EUA, argumentam que os vetos migratórios contrariam sobejamente os valores norte-americanos e prejudicariam a posição do país no cenário internacional.

Um funcionário do Departamento de Estado disse que o documento, recebido através do Canal da Dissidência (ferramenta interna para os servidores do órgão exporem suas críticas às decisões na seara da política externa), aponta que quase 900 diplomatas (de todos os níveis) manifestaram disposição de assinar um documento final de crítica ao processo. Com o passar das horas, o número de descontentes aumentou. Segundo especialistas, a mensagem interna é uma das mais assinadas da história do Departamento de Estado.

“A política que fecha nossas portas a mais de 200 milhões de viajantes legítimos na esperança de prevenir um pequeno grupo de viajantes que pretendem fazer o mal a americanos, usando o sistema de vistos, não alcançará a meta de fazer nosso país mais seguro”, ressalta o documento interno.

O porta-voz interino do Departamento de Estado norte-americano, Mark Toner, reconheceu a circulação interna do documento na segunda-feira (30). Em resposta, a Casa Branca mandou uma mensagem em tom ameaçador: o presidente Donald Trump espera que os diplomatas cumpram as instruções ou que busquem outro emprego.

“Estes burocratas de carreira têm problemas com isso? Considero que devem seguir o programa, ou sair. Isso refere-se à segurança dos Estados Unidos”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, outro bufão que faz da truculência discursiva a razão de existir. “A maioria dos americanos está de acordo com o presidente” na necessidade de manter o país seguro, completou Spicer, que parece não saber que o Estado Islâmico comemorou a decisão de Trump.

Mark Toner decidiu não divulgar o conteúdo do documento, que continua circulando no Canal de Dissidência, e não revelar o número de diplomatas signatários. Contudo, Toner confirmou que o movimento tem como alvo o decreto assinado por Trump na última sexta-feira (27), intitulado “Proteger a nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos”.

Donald Trump continua acreditando que governar a maior potência global é tão simples quanto acionar a roleta do seu cassino. Cobrar a demissão imediata de 900 diplomatas é piada de salão ou caso para camisa de força.

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