Não é novidade para os brasileiros que a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) vive em conturbado universo paralelo. Nessa seara cultivada pela petista, pedófilos são considerados seres ideais para tomar conta de crianças (como fez ao nomear Eduardo Gaievski, então responsável pelos programas federais destinados a crianças e adolescentes) e a companheira Dilma é uma “presidenta inocenta”, vítima de um “golpe”. A última manifestação desconectada da realidade balbuciada por Gleisi é a garantia que, contra todas as evidências, não existe déficit da Previdência.
“Não dá para se falar em déficit, porque a nossa concepção é diferente. Se nós pegarmos tudo que a seguridade social arrecada e tudo que paga nesses três pilares (Previdência Social, saúde e assistência social), não temos déficit”, afirmou Gleisi em seu perfil no Facebook, sugerindo que déficit (diferença entre arrecadação e despesa) pode ser uma questão de “concepção”.
As dificuldades de Gleisi para compreender os mais rudimentares conceitos sobre economia não são uma novidade. Lembrando que a paralementar paranaense foi presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, algo parecido com um pipoqueiro no comando de um módulo espacial.
Em 2011, quando foi responsável por triplicar (de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões) a quantia que o Brasil paga anualmente ao Paraguai pela energia elétrica que compra da Itaipu, Gleisi foi questionada sobre eventual impacto da majoração no bolso dos brasileiros. Com toda a candura do planeta, Gleisi respondeu que não, “porque a diferença seria bancada pelo Tesouro”. Uma resposta que sugere que ela imagina que o Tesouro é alimentado por alguma entidade impalpável, não pelos impostos e tarifas pagos pelos brasileiros.
O discurso de Gleisi Hoffmann acerca do déficit da Previdência Social não deve ser levado a sério – assim como a própria senadora –, pois o rombo nas contas do setor, em 2016, foi de R$ 152,21 bilhões. Se considerado o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que contempla servidores públicos, militares e trabalhadores da iniciativa privada, o déficit no passado foi de R$ 230,7 bilhões.
O cenário que a senadora petista prefere não enxergar é tão grave, que o governo federal estima que em 2017 o déficit da Previdência Social – apenas INSS – deverá alcançar a incrível marca de R$ 181 bilhões, valor que poderá aumentar caso o desemprego continue avançando com celeridade e força.
Gleisi deveria poupar os brasileiros de seus devaneios, já que esse discurso é uma tentativa desesperada de alguém ciente de que sua permanência no universo político está na reta final. Trata-se de uma afirmação absurda que serve apenas para tentar reverter o irreversível. A senadora faria melhor se explicasse à sociedade seu envolvimento no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, que pode lhe render pesada condenação.