Fã do isolacionismo, o histriônico Trump diz que acordo de refugiados com a Austrália é “estúpido”

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Presidente dos Estados Unidos e acreditando ser dono do universo, Donald Trump teve uma conversa telefônica extremamente tensa, no último final de semana, com o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull. No diálogo, o principal assunto foi um acordo firmado pelo ex-presidente Barack Obama para receber parte dos 1,6 mil refugiados sob os auspícios da Austrália em ilhas do Pacífico, divulgaram nesta quinta-feira (2) veículos de imprensa norte-americanos.

De acordo com o jornal “The Washington Post”, Trump disse que o acordo foi “o pior da história”, afirmando que, se cumpri-lo, “matará” politicamente os Estados Unidos. O presidente americano também acusou a Austrália de querer exportar “o próximo terrorista de Boston”, em referência ao atentado numa maratona na cidade em 2013. Comportamento típico de quem desconhece relações internacionais e confunde a casa Branca com o estúdio de um reality show.

Pouco depois de dizer que a conversa foi “de longe a pior” das que teve naquele dia com líderes internacionais, Trump interrompeu a ligação, atitude típica de bufões que só conseguem existir à sombra do pé de cabra.

“Vocês acreditam nisso? O governo Obama concordou em acolher milhares de imigrantes ilegais da Austrália. Por quê? Vou estudar esse acordo estúpido”, escreveu Trump em sua conta no Twitter depois de a informação vazar para a imprensa. Não bastassem suas conhecidas bizarrices, Donald parece ter dificuldade para interpretar números. Entre milhares e parte de 1,6 mil há uma considerável diferença.

Os refugiados estão alocados nas ilhas de Manus, em Papua-Nova Guiné, e Nauru, no Pacífico, onde vivem em centros de processamento à espera de serem reassentados. No ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) demonstrou preocupação com sérios relatos de violência, agressão sexual, tratamento degradante e automutilação nos centros da ilha de Nauru.


Compromisso

Havia temores de que o Trump rescindisse o compromisso firmado por Obama após assinar um veto migratório na última semana. Muitos dos refugiados sob a responsabilidade do governo australiano são provenientes dos países afetados pela medida.

O veto imposto pelo presidente norte-americano proíbe a entrada de refugiados de qualquer nacionalidade nos EUA por um período de 120 dias. Cidadãos de sete países de maioria muçulmana – Irã, Iraque, Síria, Somália, Sudão, Iêmen e Líbia – não podem entrar em território americano por 90 dias. A ordem executiva foi assinada na última sexta-feira (27).

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, confirmou que Trump havia concordado em manter o compromisso com a Austrália, mas a Casa Branca revelou horas depois que o presidente ainda estava considerando se avançaria com o acordo neste momento.

Nesta quinta-feira, no entanto, o Departamento de Estado americano confirmou em comunicado que os EUA honrarão o compromisso “em respeito aos laços estreitos com a Austrália, aliada e amiga”.

O premiê australiano, que havia afirmado na última segunda-feira que Trump aceitou o acordo, lamentou que o conteúdo da conversa tenha sido vazado para a imprensa. Comportamento esperado por aqueles que sabem como age um bufão histriônico que depende de exposição midiática para existir.

“A informação de que o presidente desligou a ligação não é correta. A conversa terminou de forma gentil”, afirmou Turnbull. “O compromisso feito pelo presidente na ligação está feito, nós anunciamos isso e o porta-voz dele depois.” (Com agências internacionais)

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